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Casos de Aids crescem e requerem maior atenção

Por Portal Do Holanda

05/02/2015 14h08 — em
Amazonas



Em 2014, dos 5.901 testes para DSTs (HIV/Aids, sífilis, gonorreia, por exemplo) 4% dos casos identificados foi positivo para HIV/Aids, o que representa 236 casos novos. Em 2013, foram registrados cerca de 120 casos (2,08%)

 

Há um mês o médico formado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Francisco Helder Cavalcante, assumiu a diretoria da Fundação Alfredo da Matta (Fuam). Eleito para um mandato trienal, ele ocupa a vaga deixada por Carlos Chirano e tem a missão de dar andamento aos trabalhos realizados e buscar novas parcerias.

Mestre em dermatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cavalcante concedeu uma entrevista à Agência Fapeam e falou sobre as perspectivas da Fundação para 2015, as pesquisas desenvolvidas para a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população. Ele também fez um alerta: o número de casos de HIV/Aids, diagnosticados pela Fuam, dobraram de 2013 para 2014 e lembrou que a camisinha ainda é a melhor forma de se previnir. Confira a entrevista.

Agência Fapeam – Quais as perspectivas da Fundação Alfredo da Matta para o ano de 2015?

Francisco Helder Cavalcante – Estou no cargo desde o início do mês de janeiro, acabei de assumir a Fuam. Temos vários projetos em andamento e realizados por profissionais nossos sob a orientação e acompanhamento de pesquisadores visitantes sênior (PVS). São 24 projetos ao todo. São estudos nas áreas de dermatologia, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), epidemiologia e desenvolvimento de novos procedimentos para detecção de doenças, por exemplo.

AF – Qual a importância dos pesquisadores visitantes sênior para a Fuam?

Francisco Helder – A presença desses pesquisadores tem sido decisiva para a troca de conhecimento com os nossos profissionais e a aplicação desse conhecimento no atendimento à população de Manaus. Temos interesse em negociar com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) o apoio para mais dois e/ou três pesquisadores atuarem em nossa instituição. Também contamos com o apoio de cientistas do programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR/Fapeam).

O que justifica a presença de bolsistas DCR e/ou PVS é a produção e a troca de conhecimento entre os profissionais, por exemplo, o farmacêutico, o médico, o clínico, o dermatologista, dando a formatação técnica e orientação epidemiológica.

AF – De qual forma o senhor avalia o impacto dessas ações citadas no atendimento à população de Manaus?

Francisco Helder – Temos o cuidado de realizarmos pesquisas que resultem na melhoria da assistência da população, como da terapêutica (consequência de um tratamento que deve ser benéfico), assistência, atendimento, compreensão das doenças, novos exames mais sensíveis e rápidos (teste rápido de HIV/Aids) aplicados à prática diária. Tínhamos doenças que ficavam com interrogações, por exemplo, se era Sífilis ou não, por que o paciente não está respondendo ao tratamento. Os estudos tornam os diagnósticos mais precisos e seguros.

Antigamente, fazia-se uma coleta de sangue e se esperava um mês para ter o resultado. Hoje ocorre o contrário. É possível ter o resultado de um teste para HIV/Aids no mesmo dia. Consequentemente, agiliza-se o diagnóstico e se melhora a qualidade do tratamento, devido à precisão da identificação dos agentes causadores. Com as pesquisas é possível identificar qual o medicamento responde melhorar ao tratamento, contágio, modo de transmissão, etc.

AF – A Fuam realiza pesquisas nas áreas de dermatologia e DSTs, por exemplo. Como estão os casos de DSTs em Manaus?

Francisco Helder – Em 2014, foram feitos 5.901 testes para DSTs (HIV/Aids, sífilis, gonorreia, por exemplo). Desse total, 4% dos casos identificados foi positivo para HIV/Aids, o que representa 236 casos novos. A porcentagem é considerada alta. Em 2013, foram registrados cerca de 120 casos (2,08%). O número dobrou de um ano para o outro.  Acreditamos que a justificativa para a elevação se deve às medidas tomadas pela Fundação. O teste rápido para HIV/Aids é ofertado a qualquer pessoa que nos procure e/ou que esteja fazendo algum procedimento conosco. O resultado sai em 15 minutos, antes demorava dois meses.

À medida que passamos a oferecer na rotina do hospital o teste rápido para o vírus, fruto de pesquisas da Fuam, a tendência é que haja o aumento de casos. O número de casos é considerado alto e requer atenção.

 

AF – Qual a percepção que a população tem em relação ao HIV/Aids? Está mais consciente?

Francisco Helder – Parece-me que ela (a população) não sabe do aumento do número de casos. Vale ressaltar que os dados são apenas dos diagnosticados na Fuam. Talvez, pense que não requer cuidado porque saiu da mídia e não está mais sendo debatido, pelo contrário. A Aids não é a DST mais comum, infelizmente temos outras.

Em 2014, por exemplo, 24,8% dos casos diagnosticados de DSTs foram de condiloma acuminado (verruga genital – pode ocorrer tanto no homem quanto na mulher); 24,2% foram de uretrite (gonorreia – corrimento purulento pela uretra). A Aids ficou na 5ª colocação (4%). De 100 casos de DSTs, pode-se afirmar que seis serão de HIV/Aids. A pessoa faz a testagem e descobre que tem o vírus HIV, mas não significa que tem Aids. Entretanto, certamente depois de um período vai desenvolver.

Somos centro de referência. Cada vez mais pessoas têm vindo aqui em busca de um tratamento de qualidade. Outras doenças infecciosas como as uretrites e a Aids estão aumentando tanto em números absolutos, quanto em números relativos, o que traduzem uma gravidade. Várias hipóteses podem ser levantadas: as pessoas não estão considerando a gravidade da doença e/ou pensam que não existe; que é uma doença da periferia. Entretanto, não funciona assim. Está presente em todas as camadas sociais.

Durante o Carnaval, teremos uma ação junto às bandas, com distribuição de material informativo e camisinhas. O preservativo ainda é um instrumento importante de prevenção de DSTs. A distribuição de camisinha é feita o ano inteiro.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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