Pesquisa identifica potencial biotecnológico de planta da Amazônia
Pesquisa identifica potencial biotecnológico de planta da Amazônia e de seus fungos Popularmente conhecida como castanha-de-cutia, ameju-preto e carniceiro-preto, a Duguetia flagellaris Huber é uma planta típica das florestas tropicais no Norte da América do Sul, sendo abundante na Amazônia. Em busca de identificar substâncias com função antimicrobiana e anticancerígenas, a espécie, juntamente com seus fungos endofíticos, foi objeto da pesquisa de dissertação de mestrado da microbiologista Juliana Gomes de Souza Oliveira.
Ela estudou o potencial biotecnológico da planta e de seus micro-organismos endofíticos. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Mestrado em Biotecnologia e Recursos Naturais da Universidade do Estado do Amazonas e defendida no último dia 27 de maio. Oliveira contou com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior.
“A pesquisa demonstrou a biodiversidade de fungos existentes na Duguetia flagellaris, seu potencial antimicrobiano e citotóxico (capacidade de destruir células por meio da libertação de substâncias nocivas) contra importantes causadores de doenças. No futuro, podem ser produzidos antibióticos ou antifúngicos com o princípio ativo que podemos ter descoberto. Além disso, a planta apresentou uma correlação com atividade antitumoral”, disse a pesquisadora.
De acordo com a doutora em genética e evolução, Antônia Queiroz Lima de Souza, orientadora da pesquisa, a ideia agora é encontrar as moléculas de bioativos responsáveis por essas atividades, tanto produzidas pelos fungos quanto pela planta. “O objetivo é futuramente poder avaliar a parte molecular, pois essas moléculas são produzidas por uma rota biossintética, onde temos dez ou mais genes envolvidos. Nesse sentido, valeria a pena poder encontrar esses genes e produzir essas moléculas por micro-organismos recombinantes, que seria uma clonagem. O sonho é prosseguir”, afirmou Souza.
COMBATE A DOENÇAS
O estudo isolou 247 micro-organimos, sendo 234 fungos. Alguns fungos identificados possuem atividades antimicrobianas contra micro-organismos que causam doenças, como a Candida albicans, Enterococcus faecalis, Sthaphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.
“Estão sendo feitas pesquisas para a cura de doenças. Dependendo da necessidade e dos investimentos para continuidade dos estudos na área será possível que novos produtos cheguem ao mercado. A descoberta e a caracterização de produtos naturais representam uma fonte inestimável para o desenvolvimento de novas drogas. Além disso, vivenciamos o aparecimento das “superbactérias” que, na realidade, são as bactérias existentes que apresentam resistência aos medicamentos utilizados”, disse Juliana.
SOBRE A DUGUETIA FLAGELLARIS
A pesquisa utilizou a folha, o galho e o flagelo para o isolamento dos micro-organismos e obtenção de extratos da planta. A Duguetia flagellaris foi identificada e coletada na fazenda da Universidade Federal do Amazonas pelo Dr. Antonio Carlos Webber. A preparação do material e análise foram realizadas nos laboratórios de Genética da UEA e do Grupo de Estudos de Espectrometria de Massas e Microrganismos da Amazônia da Ufam.
A planta é encontrada frequentemente nas matas primárias não inundáveis, atinge uma altura que pode variar de 2 a 7 metros, possui odor característico e o flagelo é longo e fino.
A espécie é uma das 2 mil que compõem a família Annonaceae, conhecida pelo seu potencial para pesquisas nas áreas de botânica, microbiológica, genética, biotecnológica e química de produtos naturais, entre outras.
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