Por Ana Celia Ossame, especial para Portal do Holanda
 
O turismo de interação com mamíferos na Amazônia representa um potencial importante para a região se feito com critérios que levem em conta as questões socioeconômicas e ambientais relacionadas, podem resultar em uma prática turística mais sustentável, onde a conservação das espécies caminha de mãos dadas com a geração de renda e a sensibilização dos visitantes. Nesse sentido, planejar, monitorar e manejar adequadamente a atividade torna-se imperativo. 
 
A afirmativa vem dos pesquisadores Marcelo Derzi Vidal, Fernanda Pozzan Paim e Simone Batista Mamede, autores do capítulo intitulado ‘Showing and saving: the challenges and opportunities of mammal-based tourism in Brazilian Amazonia’ (Mostrando e salvando: os desafios e oportunidades do turismo baseado em mamíferos na Amazônia brasileira, em tradução livre).
 
O capítulo compõe o livro ‘Amazonian Mammals: Current Knowledge and Conservation Priorities’ (Mamíferos Amazônicos: Conhecimento Atual e Prioridades de Conservação, em tradução livre), organizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), da University of California, e do Rhodes College, estes últimos situados nos Estados Unidos. 
  
Embora a Amazônia seja o bioma brasileiro com a maior riqueza de mamíferos, com aproximadamente 57% das espécies que vivem no país, o turismo voltado para as interações com a mastofauna amazônica é focado em poucas espécies e ordens, e desenvolve-se em um número reduzido de estados que compõem a Amazônia brasileira, destacam os autores. 

Após uma ampla busca e revisão bibliográfica, os autores fornecem um panorama da atividade e apresentam abordagens a serem adotadas para manejar possíveis impactos negativos existentes.
  
Os pesquisadores destacam o crescimento das interações turísticas com a fauna, o que tem favorecido o fomento de pacotes turísticos voltados exclusivamente para a atividade, como os safáris para observação dos “big five” animais (leão, búfalo, elefante, rinoceronte e leopardo) em áreas protegidas da África e os mergulhos para alimentar tubarões e raias nos mares do Caribe. 
 
O Brasil, que detém em seu território uma das maiores riquezas biológicas do planeta, estimada em aproximadamente 13% da biota conhecida, tem um potencial diversificado, principalmente quando se trata da Amazônia, que detém o maior bloco de florestas tropicais contíguas e a maior bacia hidrográfica do mundo. 
 
Ao apontar que a natureza, a riqueza cultural e a diversidade de hábitats e espécies fazem da Amazônia um dos destinos brasileiros mais procurados por visitantes de diferentes origens, o turismo com a fauna silvestre é pouco desenvolvido.
 
“Em alguns locais da região existe a possibilidade de observação de aves, cetáceos, peixes, crocodilianos, ofídios, felinos e primatas, dentre outros grupos”, citam os autores do capítulo, explicitando que, adequadamente planejada e realizada, essa atividade renderia benefícios não somente sociais e econômicos, mas também ambientais. A diversidade e o potencial da região amazônica para o turismo com fauna é ainda um caminho interessante para a sensibilização e educação ambiental dos diferentes atores envolvidos, o que contribui para a recuperação e conservação das espécies.