Atriz pornô que teria se relacionado com Trump é presa em clube de strip-tease
WASHINGTON — A atriz pornográfica Stormy Daniels, que afirma ter tido um caso extraconjugal com Donald Trump em 2006, foi presa na quarta-feira em um clube de strip-tease de Columbus, Ohio, acusada de ter tocado clientes "de maneira sexual" enquanto fazia uma performance, algo que é proibido em muitos estados americanos. Michael Avenatti, advogado de Stephanie Clifford, o verdadeiro nome da atriz, afirmou que ela foi vítima de uma armação de policiais à paisana enquanto realizava "o mesmo espetáculo que tem interpretado em quase cem clubes de todo o país".
A lei de Ohio define que funcionárias nuas ou seminuas de boates de strip-tease não podem ser tocadas. A atriz irá se declarar inocente de três acusações de contravenção, disse o advogado. Ainda segundo Avenatti, pelo Twitter, a detenção tem motivações políticas por conta da batalha legal que a atriz vem travando com o presidente, e a medida mostra o desespero da Casa Branca para tentar calar Daniels.
"Foi uma armação com motivações políticas. Cheira a desespero. Vamos lutar contra as acusações falsas. Eles estão dedicando recursos das forças de segurança para operações como essa? Tem que haver prioridades!!!", disse ele na mensagem.
Em entrevista a "The New York Times", Avenatti afirmou que sua cliente foi vítima de uma armação. Os clientes que ela teria tocado enquanto se apresentava eram, na verdade, policiais à paisana, segundo ele. Em depoimento, os policiais afirmaram que Daniels tocou "de maneira sexual" homens e mulheres na plateia.
— Há agentes disfarçados que foram até o clube com o propósito de prendê-la por algum motivo, o que é ridículo. Acredito que esse é o pior uso das prerrogativas policiais que já vi na vida — afirmou Avenatti por telefone ao "New York Times".
Daniels será formalmente acusada no tribunal do Condado de County nesta sexta-feira. Além disso, documentos da polícia mostram que ao menos outras duas pessoas — uma dançarina e uma garçonete do clube — também foram presas com a atriz e acusadas, cada uma, pelo mesmo crime.
Especialistas também questionaram a atuação policial no caso. Ao "New York Times", a professora Mary Anne Franks, da Escola de Direito da Universidade de Miami, afirmou que o caso é "chocante". Segundo a professora, trabalhadores de clubes de strip tease são geralmente contratados como autônomos, o que significa que eles não têm proteção contra possíveis roubos de salário, toques não consensuais e assédio sexual durante o trabalho — em um ambiente cuja atividade não é ilegal e onde a participação é opcional.
— As pessoas querem consumir pornografia, mas, ao mesmo tempo, não querem proteger as mulheres que trabalham nesse setor — afirmou Franks. — Isso levanta questões sobre por que agora e por que, em particular, ela (Stormy).
CONTROVÉRSIA AMEAÇA PRESIDENTE
A atriz Stormy Daniels deixa o Departamento da Polícia de Detroit: ela assegura ter tido uma relação com Trump em 2006 e 2007 - REBECCA COOK / REUTERS/18-4-2018
Daniels deseja que a Justiça anule um acordo assinado em 2016 pelo qual ela recebeu US$ 130 mil em troca do silêncio sobre a relação que teria mantido com Trump em 2006. O acordo foi concluído antes da eleição de Trump à Presidência em 2016. A atriz pornô pede a anulação do pacto, alegando que não foi assinado por Trump.
O presidente nega ter tido relações com a atriz, mas seu advogado, Michael Cohen, afirmou que pagou do próprio bolso a quantia combinada com Daniels no acordo de 2016, sem ter sido reembolsado por Trump. Depois, o presidente admitiu que devolveu o dinheiro ao advogado.
Ainda não é conhecido quando exatamente Trump soube dos pagamentos, feitos por Cohen em outubro de 2016. Segundo Cohen, o pagamento foi feito para que ela não desse entrevistas a veículos de comunicação sobre o suposto caso com o atual presidente. De acordo com o “New York Times”, pelo menos três pessoas próximas confirmaram que Trump sabia que Cohen fizera o acordo para impedir que as alegações de Daniels viessem a público.
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