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Alessandra pode ser chamada a explicar convênios


Por Raimundo de Holanda

29/03/2015 22h01 — em
Bastidores da Política



O Tribunal de Contas está apertando a Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer sobre a prestação de contas dos recursos repassados em 2013 para  a Oscip Programas Sociais da Amazônia – Prosam. Há pelo menos três convênios que somam mais de R$ 30 milhões em aberto.  Em ofícios datados de 3 março, o chefe do Departamento de Análise de Transferências Voluntárias da Secretaria Geral de Controle Externo do Tribunal, Célio Bernardo Guedes, adverte o secretário da pasta, Antônio Ditzel,   que cabe ao TCE apurar a responsabilidade de pessoa física, órgão competente ou entidade que deixa de prestar contas e que der causa a  perda, extravio ou irregularidade que possa resultar em dano ao erário. Os repasses, alvos de investigação, foram feitos na gestão da atual deputada Alessandra Campelo. O TCE pode interpelar a parlamentar, que terá que explicar os convênios e a OSCIP pode ter que justificar onde foi aplicado esse dinheiro.

A Globo, Adail e os bacanas

Em 2008, ano que a Zona Franca de Manaus completava 40 anos, uma bomba de efeito devastador, chamada "Operação Vorax", explodia em Manaus. É claro que a sua capacidade explosiva não pode ser comparada aos megatons que devastou Hiroshima. Mas, convenhamos, sacudiu as estruturas do poder. Comandada pela Polícia Federal (PF), sob a batuta do delegado Jocenildo Cavalcante, a Vorax não deixou pedra sobre pedra ao mergulhar nas profundezas obscuras do paraíso de Adail Pinheiro, prefeito à época de Coari, alimentado pelos royalties do petróleo. Detalhes surpreendentes foram revelados, como formação de milícia, grupo de extermínio, farras nababescas, práticas de pedofilia, e muita corrupção. Um  rico acervo de informação inundou às redações. Nomes de autoridades de elevado coturno - juízes, juízas, delegado federal, empresários, políticos, etc. e tal - foram escancarados com uma e mil informação sobre suas respectivas condutas no paraíso de Adail. À primeira entrevista coletiva, Jocenildo dizia que, preliminarmente, o desvio dos cofres públicos de Coari chegava a R$ 54 milhões. Dizia, também, da apreensão de R$ 7 milhões encontrados no forro de uma casa modesta do  prefeito, das festas com ilustres convidados no Afrodite Motel, e da apreensão do iate "Brisa", todo climatizado, equipado com televisão de tela plana, antena parabólica, móveis de primeiríssima qualidade, aparelho de som, DVD, bar, kaoraque, três banheiros e cinco suítes nos dois pisos  da embarcação.

 

"Pra não dizer que não falei de flores", como diria Geraldo Vandré, o assunto, resguardadas as devidas proporções, não mereceu a atenção da grande imprensa. O silêncio foi quase sepulcral. Lá na frente, entretanto, no final de 2013, ou seja, cinco anos depois de deflagrada a operação Vorax, a Rede Globo de Televisão aparece com um seriado de três reportagens, direcionadas exclusivamente contra Adail e a "leniência" do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). A reportagem foi positiva na medida que colocou Adail na cadeia e rendeu um prêmio de jornalismo dito investigativo para a Globo. Para os bons entendedores, contudo, a reportagem da Globo  foi superficial, direcionada, posto que nada investigou, tampouco a emissora se mostrou interessada em usar o seu poder de comunicação de massa para dizer que Adail não estava só nos crimes que o colocaram na cadeia. Um ano  depois do seriado de reportagens eis que surge, novamente, a Globo com a sua metralhadora direcionada para Adail. O que busca a Globo desta feita? Um novo prêmio de jornalismo "investigativo"? 

 Semana curta

A semana política em Manaus deve se bem curta, menos por causa da Semana Santa que pela vontade dos políticos de aproveitarem a religiosidade do povo para “esticar” o feriadão. Pela tradição cristã, o recolhimento religioso deve começar na tarde da quinta-feira Santa, mas para quem ganha bem e dispõe de muitas facilidades custeadas pelo contribuinte, não é nenhum “pecado” antecipar o descanso para meditação e jejum de trabalho. Assim sendo, as casas políticas já se preparam para encerrar o expediente semanal na quarta-feira.

Nova  inteligência

O delegado federal Sérgio Fontes fortalece a inteligência e a operacionalidade do sistema de segurança pública, com a capacitação de policiais civis, militares e federais, incluindo delegados e oficiais, na área de Investigação de Crime Organizado. Durante toda a semana passada eles aprenderam com agentes do FBI técnicas e processos de investigação desenvolvidos para combater o crime organizado nos EUA e outros países. O objetivo é fortalecer o combate ao tráfico de drogas e organizações criminosas, responsáveis pelo maior volume de ações criminosas e homicídios no Estado.

Terra para quem produz

O governador José Melo abre amanhã a temporada de entrega de títulos de terras para produtores rurais do interior do Amazonas. Junto com o ministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário, Melo entregará a primeira leva de mil títulos no Centro de Convenções do Amazonas. Até o final do ano a previsão é de chegar a 7,3 mil títulos definitivos entregues, beneficiando produtores de 14 municípios. Com isso, o governo vai abrir oportunidade para obtenção de linhas de crédito para projetos agrícolas, fortalecendo o projeto do governador José Melo para o setor rural.  

Somos mesmo uma cleptocracia?

Somos mesmo uma cleptocracia? Se não somos, não tem por que autoridades jurídicas da República “inventarem” impedimento legal para investigar a presidente Dilma e o PT por doações eleitorais suspeitas de terem saído de propinas pagas por empresa do governo. Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e Nestor Cerveró mostraram que partidos políticos agem como facções criminosas. E sendo assim, precisam ser investigados, da mesma forma que os políticos beneficiados.

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Afinal, é no governo e na política que os esquemas de corrupção ganham força, espalhando-se para outros setores públicos e privados. Agora mesmo a Operação Zelotes, da Polícia Federal, investiga ramificações de fraudes e propinas que podem chegar a R$ 19 bilhões de sonegação de débitos fiscais na Receita. 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.