Ninguém definiu melhor o governo Bolsonaro do que o general Santa Cruz Machado: “é um show de besteiras”, de bobagens, de artificialidade”. A questão é saber se o país aguenta  tanto amadorismo, tanta mediocridade e por quanto tempo. A revelação de que o Plano Dubai, uma alternativa ao modelo Zona Franca  não existe  e que foi  apenas um ideia,  surgida provavelmente durante a descarga de um vaso sanitário, é escandaloso. Mostra o quanto esse governo brinca com a economia, com a política e com os brasileiros.

Esse governo que brinca  com a população, que se ampara  num bando de  reacionários alimentados por ideias racistas, homofóbicas e armamentistas, é o mesmo que vai  negociar um acordo comercial  com a União Europeia.

A aproximação do País com o Mercado Europeu  seria para ser  festejado, mas a falta de capacidade para negociar e em quais questões é possível ceder é de  tirar o fôlego.

E isso torna esse momento delicado inclusive para o Amazonas e seu modelo Zona Franca de Manaus. Esperar que os europeus  mantenham o mesmo comportamento de 2014, quando retiraram junto a Organização Mundial do Comércio contencioso que contestava as vantagens fiscais concedidas pelo governo brasileiro a Zona Franca é um tanto ingênuo.

Naquele momento o governo federal fez um grande esforço para convencer os europeus que o polo industrial localizado em Manaus era necessário para conter o avanço sobre a floresta.

Hoje a realidade é outra: o governo Bolsonaro quer acabar com o modelo. Esperar que os europeus defendam a Zona Franca, como chegou a ser aventado, é no mínimo temerário. Outra questão que precisa ser reavaliada é a mudança do tabuleiro politico na Europa, com o crescimento  dos partidos de direita na França e na Alemanha.

Sem uma ação dos  amazonenses em defesa do modelo Zona Franca a região brevemente se transformará num  grande vazio econômico. Não teria chegado hora de  o governador Wilson Lima inverter sua agenda de visitas ao Oriente Médio  e ir para a Europa, mas agora na companhia de  empresários, se antecipando as negociações do governo brasileiro com os europeus? Vender o nosso peixe, que Guedes e Bolsonaro parece entender que apodreceu.