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Sobre a mulher que se jogou da ponte Rio Negro


Por Raimundo de Holanda

16/10/2019 22h58 — em
Bastidores da Política



Uma ausência de tudo e a fuga. No caminho uma ponte sobre um rio. Voar até a dor passar…foi o que a mulher que se jogou da ponte Rio Negro na tarde desta quarta-feira deve ter pensado, como todas as outras 66 vítimas este ano. Mas não. No caminho tinha a física e a água fria e calma  se transformou em uma plataforma dilacerante, estourando todo o seu corpo. Se ela pensasse antes, que a dor seria maior…

A ideia de morrer é terrível.  É preciso ter perdido tudo - o amor próprio, o amor dos filhos, da mulher, perdido o melhor amigo… É preciso se sentir ninguém para se jogar fora como um lixo.

Mas essa ponte, como tantas outras pelo mundo, tem um fascínio mortal. Ela atraí, assim  como o rio cor de café lá embaixo.  E o vento frio carrega o sopro da morte…

Essa  ponte guarda segredos macabros: contam antigos operários da Camargo Correa, que viram amigos cairem sobre os pilares no momento em que eram concretados. Ficaram ali  e dados como desaparecidos. Seriam ao menos 25 trabalhadores enterrados no concreto da ponte. Pessoas  que cruzam o local na madrugada para trabalhar do lado de Manaus dizem que ouvem vozes e sentem calafrios...

A ponte é  um lugar de passagem, unindo dois lados do grande rio. Mas deve unir dimensões que não conhecemos e mundos  dos quais apenas ouvimos falar…

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ASSUNTOS: Amazonas, Manaus, mulher se jogou da ponte, Ponte Rio Negro, suicídio

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.