Um dia após desistência, Bolsonaro diz que deve participar de três debates
ARAÇATUBA, SÃO PAULO — Após o presidente do PSL informar que o presidenciável Jair Bolsonaro não iria mais aos debates, o candidato disse, na manhã desta quinta-feira, que pretende participar, sim, de três debates marcados por emissoras de TV. O deputado afirmou, no entanto, que não deverá ir a sabatinas, porque perde tempo destinado à sua campanha na rua.
— Dos três (debates) da televisão, a ideia é, sim (participar). Nos demais, não, porque eu perco o contato com o povo — disse Bolsonaro, durante caminhada no centro de Araçatuba, no interior de São Paulo.
Na quarta-feira, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse ao GLOBO que os debates se transformaram em uma "farsa", na qual é impossível aprofundar qualquer proposta, e que, por isso, Bolsonaro não participaria mais. Nesta quinta-feira, ele já afirmou que a decisão final sobre a participação nos programas será tomada na véspera.
— Vamos avaliar na véspera (se participa dos debates). Ele é o único candidato que não perdeu contato com a realidade, com o povo.
Segundo Bolsonaro, a participação nas sabatinas o afastaria da campanha nas ruas.
— Não posso perder o contato com o povo para participar de sabatina — disse o candidato.
O presidenciável iniciou nesta quarta-feira, em Presidente Prudente, uma agenda pelas cidades do oeste paulista. Com defesa das pautas dos ruralistas, como a liberação de armas e tornar terrorismo a ocupação de terras, Bolsonaro quer conquistar votos na região, tradicional reduto tucano.
Em Araçatuba, segunda parada do giro pelo interior, Bolsonaro discursou em cima de um caminhão ao lado de candidatos a deputados e do deputado federal Major Olimpio, que concorre ao Senado. Foi ovacionado ao dizer que em um eventual governo seu não haverá "politicalha de direitos humanos." O candidato recebeu de um apoiador uma chave da cidade e, com ela, simulou segurar uma arma.
Após o comício, seguiu para uma caminhada no centro, onde foi carregado nos ombros por militantes e posou para fotos com objetos dados pelos eleitores, como um óculos escuro e um capacete. Visitou ainda a Associação de Cabos e Soldados de Araçatuba antes de seguir para Glicério, sua cidade natal.
Bolsonaro ficou irritado ao ser questionado se sua campanha poderia ser prejudicada pela denúncia feita contra ele pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Para Dodge, o candidato demonstrou preconceito contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs em uma palestra no Clube Hebraica, no Rio, no ano passado.
Em uma das frases questionadas na representação da PGR, Bolsonaro disse que visitou um quilombo e que os moradores de lá "não fazem nada" e "nem para procriador servem mais".
— Você já foi num quilombola? Tenho certeza que não foi. Não sabe o que é um quilombola. Grande parte dele quer uma nova Lei Áurea.
O deputado federal criticou a imprensa pelo espaço que tem dado ao ex-presidente Lula, que, preso na Polícia Federal em Curitiba, tenta oficializar sua candidatura ao Planalto.
— O PT fala em controle social da mídia e grande parte da mídia dá espaço para um presidiário. Não sei o que acontece. Imprensa livre, que venda a verdade, é o que queremos.
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