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PSDB enfrenta crise de renovação para 2018

Por Agência O Globo

29/07/2017 8h07 — em
Brasil



SÃO PAULO - O PSDB enfrenta uma crise de renovação nos estados para a eleição de 2018. A face mais visível dela está nos "bunkers" tucanos - onde o partido está no governo há pelo menos oito anos. Sem um nome competitivo para sucessor, governadores reeleitos já consideram apoiar um candidato de outro partido.

Pode parecer uma questão com reflexo meramente local, mas não é. Palanques fortes nos estados são estratégicos para uma campanha bem-sucedida à Presidência. Além disso, o PSDB se vale do discurso da renovação como vacina para superar o desgaste sofrido com a Lava-Jato.

Mas no Paraná e Pará, lideranças do PSDB dizem ser remota a chance de um tucano concorrer para governador no próximo ano. Após dois anos consecutivos no poder e o recado das urnas em 2016 por renovação na política, a sigla não construiu novas lideranças para defender seu legado.

- O partido dificilmente irá com candidato próprio. O projeto maior é o do governador Beto Richa para o Senado - disse o presidente do PSDB no Paraná, Ademir Traiano.

Em São Paulo, onde o partido governa há 23 anos, a situação é mais complexa. A crise de renovação se traduz num quadro pulverizado de potenciais candidatos, a maioria sem densidade eleitoral. Outros são veteranos, como o senador José Serra e o ex-senador José Aníbal.

A falta de alternativa competitiva é tamanha que os tucanos, no maior estado do país, não descartam tirar o prefeito de São Paulo, João Doria, do cargo para lançá-lo ao governo. Isso se ele não for o presidenciável.

Há ainda um ingrediente complicador no berço tucano. A escolha do candidato à sucessão do governador Geraldo Alckmin está atrelada à disputa presidencial. Há pressão do aliado PSB para que o PSDB não lance candidato próprio e apoie uma eleição do vice-governador, Márcio França (PSB). Isso facilitaria para Alckmin uma aliança com a legenda na eleição presidencial. Na quarta-feira passada, o aliado reforçou o recado numa visita ao governador.

Goiás é o único estado onde um governador do PSDB reeleito está com sua sucessão bem encaminhada. É dado como certo que o candidato de Marconi Perillo será seu vice, José Eliton, do PSDB. O governador goiano, que deverá concorrer ao Senado, é um dos cotados para ocupar a presidência nacional da sigla com uma saída definitiva do senador Aécio Neves do cargo.

A derrocada política de Aécio, flagrado em gravação pedindo R$ 2 milhões ao dono da JBS, Joesley Batista, está trazendo complicações para a sucessão em Minas Gerais. Embora não seja um estado governado pelo PSDB, ele é emblemático para os tucanos. Nas últimas seis eleições, eles disputaram todas e venceram quatro. No entanto, desta vez, o partido não descarta apoiar um aliado em vez de lançar candidato próprio.

TABU NO PARANÁ

É tão desacreditado um cenário eleitoral com um candidato tucano na eleição para governador no Paraná que as pesquisas eleitorais não têm incluído um nome do partido. Um componente curioso também permeia o xadrez eleitoral paranaense. Fazer um sucessor no estado é considerado tabu. Desde a reeleição, nenhum governador conseguiu o feito.

Beto Richa avalia se apoiará seu secretário de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr. (PSD), a vice-governadora, Cida Borghetti (PP) ou o ex-senador Osmar Dias (PDT).

No Pará, o PSDB caminha para abraçar a candidatura do peemedebista Helder Barbalho, ministro da Integração Nacional. Se confirmado, será a primeira vez em 24 anos que o partido não terá candidato próprio. A direção tucana no estado não quis se manifestar.

O cenário em São Paulo é o oposto do que ocorre no Paraná e no Pará, onde os governador Beto Richa e Simão Jatene não enfrentam resistência para o plano de apoiar um candidato da base aliada.

— A chance é zero do PSDB não ter candidato próprio. Seria desmoralizador o partido que vai fazer 24 anos no governo não apresentar um candidato — reagiu o presidente do PSDB paulista, Pedro Tobias.

Para o filósofo da Unicamp Roberto Romano, as raízes do envelhecimento dos partidos estão na relação com o poder.

— Partidos que chegaram ao poder são mais impactados pela crise de renovação. O novo sempre foi visto como uma ameaça pelos caciques dos grandes partidos.

Dois governadores do PSDB devem ir para a reeleição: Reinaldo Azambuja (MS) e Pedro Taques (MT).


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