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Com setor de serviços aquecido, robôs fazem até sushi nos EUA

Por Agência O Globo

25/12/2017 21h12 — em
Economia


Foto: Reprodução

NOVA YORK - Do tamanho de uma impressora, a máquina espalha camadas de arroz sobre folhas de alga marinha. A proporção entre oxigênio e grãos é calibrada com a ajuda de um raio-X. Uma lâmina corta o rolo em retângulos perfeitos, prontos para serem recheados por um pedaço de atum sobre uma esteira de metal.

Custando US$ 14 mil, o sushiman robótico produz 200 peças de comida japonesa por hora, quatro vezes a capacidade humana, segundo a fabricante Autec USA. Entre os clientes está a Whole Foods, recentemente adquirida pela gigante Amazon. A demanda pela máquina quadruplicou nos últimos cinco anos, com a popularização do sushi e a escassez de sushimen de carne e osso.

Nos últimos anos, enquanto a robotização crescia nas fábricas americanas, o setor de serviços passava ao largo da tendência diante de salários estagnados. Porém, com a economia cada vez mais acelerada, os ganhos dos trabalhadores começam a dar sinais de vida, levando o varejo a olhar com carinho para robôs e soluções de inteligência artificial. Analistas do banco Morgan Stanley esperam uma recuperação do investimento em serviços que abrangerão de grifes de luxo a serviços de internet.

Para economistas, com a ajuda da automação, haverá aumento da produtividade dos trabalhadores no setor de serviços. Se a previsão se confirmar, o avanço poderá ampliar o potencial de crescimento da economia do país, permitindo, inclusive, que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) eleve ainda mais as taxas de juros. O setor de serviços responde por 64% da atividade econômica americana.

— Agora as empresas estão investindo mais em capital porque é preciso pagar mais aos trabalhadores — avalia Carl Riccadonna, economista da Bloomberg nos EUA.

 

— Uma produtividade mais forte é a solução para todos os problemas. É algo muito necessário que finalmente está acontecendo — diz Ellen Zentner, economista dos EUA no Morgan Stanley.

Levantamento do Morgan Stanley com base em 1.500 empresas de capital aberto revelou que muitas companhias vão além da substituição de equipamentos antigos. Elas estão investindo em novas tecnologias e equipamentos de produção. Dados do Departamento de Comércio dos EUA mostram que, pela primeira vez desde 2000, o investimento em produtos de propriedade intelectual (software, pesquisa e desenvolvimento) ultrapassou 4% do PIB e deve permanecer robusto em 2018.

Em nota publicada em novembro, economistas do Goldman Sachs disseram aos clientes que os desembolsos de capital em todos os setores foram o “os mais brilhantes” dos dados do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, afirmaram que esperam que os gastos continuem crescendo em comparação às taxas atuais. O otimismo se baseia, em parte, na expectativa de que a reforma tributária de Trump — que prevê uma redução de impostos corporativos e outros incentivos ao investimento — seja aprovada e proporcione um novo impulso à economia.

Os ganhos de produtividade ocorrem em um contexto de aumento moderado da eficiência, que subiu 1,5% este ano. O número é baixo se comparado aos 2,7% de 2000. Para retornar aos níveis históricos, o investimento em capital teria que repetir as taxas dos anos 1990, segundo Michael Feroli, do J. P. Morgan — o que ele considera improvável.


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