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Primeiro carro híbrido flex é apresentado em São Paulo

Por Agência O Globo

19/03/2018 17h03 — em
Economia


Foto: Reprodução

SÃO PAULO — A Toyota apresentou nesta segunda-feira o primeiro veículo híbrido flex do mundo, com motor movido a etanol e a energia elétrica. O projeto foi desenvolvido pela montadora em parceria com a USP e o apoio do governo de São Paulo. Os veículos híbridos que já rodam em diversos países têm motores que combinam energia elétrica e gasolina como combustível.

A Toyota já realizou diversos testes com o modelo (um Prius, o híbrido global da montadora japonesa), desde meados de 2015. Agora, o modelo inicia os testes de rodagem: inicialmente, uma viagem de São Paulo até Brasília.

— O mundo está caminhando para novas tecnologias. Com Brasil e América Latina, não será diferente. A primeira fase é combinar híbrido e etanol — disse Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil.

Depois da certificação tecnológica, a Toyota quer iniciar estudos para o lançamento do automóvel no mercado. Não há previsão para que isso ocorra, mas perguntado sobre a possibilidade de lançá-lo em cinco anos, Chang disse ser “muito tempo”. O diferencial do protótipo híbrido flex está no seu ganho ambiental, já que o etanol é uma das energias mais limpas para os transportes.

Segundo a Toyota, “o híbrido flex possui um dos mais altos potenciais de compensação e reabsorção na emissão de Co2”. Isso com etanol. Por ser flex, o motor do protótipo roda tanto com etanol como com gasolina.

A Toyota está no Brasil há 60 anos. Nos últimos três anos, a fabricante investiu R$ 2,2 bilhões e gerou 6 mil empregos, segundo Steve St. Angelo, CEO para região da América Latina e Caribe. Liderados pelo Prius, as vendas de híbridos da marca quadriplicaram desde 2016.

— Queremos caminhar e colocar mais veículos verdes nas nossas ruas e estradas. Então, nos perguntamos como poderíamos melhorar a tecnologia híbrida no país que já tem o combustível mais rico do planeta. Nossos engenheiros da Toyota do Brasil trabalharam lado a lado com os engenheiros do Japão para produzir essa solução, esse casamento — afirmou o executivo.

A escolha do Brasil se deu pelo papel de liderança na produção global de cana-de-açúcar.

— É fundamental que o Brasil passe a adotar tecnologia híbrida. Em torno das universidades, temos muitas empresas montadoras. Esse foi o início, com a parceria da Escola Politécnica da USP e a Toyota — disse Armando Laganá, professor de engenharia elétrica da USP, envolvido no projeto, que contou com 29 engenheiros.

Pela manhã, a empresa apresentou o automóvel ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes. Alckmin considerou a iniciativa um “feito para o ambiente, para a saúde pública e extraordinário, também, para consumidor.

— São Paulo é a capital mundial do setor sucroalcooleiro e o Brasil é campeão das energias renováveis — enfatizou o governador.

 

Desde 2008, 80 usinas de processamento de cana-de-açúcar fecharam ou entraram em recuperação judicial no Brasil, numa das piores crises em décadas do setor sucroenergético. Elizabeth Farina, presidente da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), destacou o lançamento como positivo para impulsionar o “protagonismo” do Brasil no investimento de etanol e das tecnologias relacionadas ao combustível renovável.

— Os biocombustíveis são uma solução do ponto de vista ambiental. Quando o carro híbrido é lançado com um motor flex, você pode usar qualquer combinação de etanol com gasolina e também 100% etanol, como um flex comum. É uma convergência de toda discussão da mobilidade elétrica com o biocombustível etanol — afirmou Elizabeth.

Ela acredita que isso pode ajudar o setor no médio prazo, mas confere ao Renovabio, a Política Nacional de Biocombustíveis, sancionada no fim do ano passado, o poder de retomada dos investimentos na indústria.

— O setor vê essa lei como uma mudança de paradigma. Há anos que não temos lançamento de uma usina — diz.

O RenovaBio visa cumprir os objetivos brasileiros determinados depois do Acordo de Paris sobre mudança do clima. A norma retoma o papel estratégico dos biocombustíveis para a queda da emissão de gases de efeito estufa, estimulando o uso de biodiesel, biogás, biometano, etanol de primeira geração, anidro e hidratado.

 

Antonio Megale, presidente da Anfavea, diz esperar que outras empresas se inspirem na iniciativa da Toyota. Ele considera o dia de hoje um marco, já que a venda de híbridos cresce.

— O Brasil voltará a ser um dos cinco maiores mercados do mundo — disse Megale no lançamento.


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