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Dúvidas e sobressaltos na eleições


Por Flávio Lauria

20/04/2024 17h11 — em
Espaço Crítico



Com a devida vênia dos meus sofridos e heroicos concidadãos, espero que este artigo, não os encontre nas mesmas dúvidas e sobressaltos que me afligem ultimamente. A menos de seis meses de em todo os municípios do Brasil  incluíndo nosso Estado, que teremos eleições em sessenta e dois municípios, e no Rio de Janeiro para contextualizar, noventa e dois minicipios, há algum tempo venho constatando, através de pesquisas cuidadosas (e observações cotidianas), além de estudos minuciosos e compilação rigorosa dos fatos científicos, que os Estados e Manaus, particularmente, veem adquirindo um acervo tecnológico dos mais avançados em corrupção, bandalheira e incompetência.

Na realidade, o estágio alcançado configura pós-graduação em nível de doutoramento, fruto do ingente esforço de um grupo bem selecionado de especialistas. E isso não é de agora, lembro perfeitamente depois do governo José Lindoso, e a entrada de Gilberto Mestrinho, como a gestão foi levada para o lado não republicano, e no Rio depois de Sérgio Cabral , todos os governadores e alguns prefeitos foram cassados. Entretanto, a referida atroz dúvida se divide em duas semidúvidas: a primeira, como deve reagir o meu exacerbado sentimento manauara e amazonense, ante tão brilhante e reconhecido acervo.

A segunda, não menos angustiante, é que os ilustres e impertérritos diplomados não são chamados para receber os respectivos pergaminhos ou, ao menos, nominados para as famosas embora desacreditadas, devidas providências. Hão de concordar comigo os caros compatriotas, no mínimo esses que ainda têm vergonha na cara e moral para se encarar de frente no espelho, que a diplomação dessa gente é tarefa urgente.

Mas parece coisa tão imbecil essa diplomação, como foi em época não tão recente, que o mal motorista, ultrapassado seus pontos na CNH, tinha que fazer um curso, que lhe dava no final um diploma de mal motorista, incluindo aí nesse curso o próprio diretor do Detran. E o que digo, ignorância sincera, e estupidez consciente. Quando não para satisfazer a elementares exigências legais, ao menos como respeito aos, sistematicamente, esbulhados patrícios, cujos impostos, taxas, tributos e demais emolumentos vêm sustentando a alta especialização dos bandalhos.

Talvez o cidadão comum, esse Dom Quixote do dia-a-dia, do aperto orçamentário, da insegurança incorporada ao cotidiano, nas ruas de Manaus, nos ônibus, enfim, do trágico balé da sobrevivência, não se tenha inteirado dos detalhes das doutas teses, surgidas dessa evoluída pós-graduação. Seria pretensão de minha parte, simples mortal da rotina diária, professor de muitas gerações recomendar o manuseio e a análise de tais teses.


Entretanto, como este desalinhado artigo é aberto, parece-me altamente conveniente colaborar para o aprimoramento dos conhecimentos gerais, sugerindo a leitura de edificantes contribuições técnico-científicas, das obras faraônicas inacabadas, das negociatas e desvios do dinheiro público, das construções superfaturadas, das concorrências dirigidas, da alienação do patrimônio público, da propaganda enganosa e da mentira sistemática. Isso tudo, além do rendoso e promissor tráfico de drogas, a cujo crédito deve-se a destruição e morte de milhares de jovens e tem como prêmio a proteção corporativista e a impunidade.

Sem dúvida, as lições daí advindas são indiscutivelmente proveitosas, mesmo que seja para refutar algumas maldosas calúnias e eventuais fofocas, quem sabe frutos até da intriga do povão contra tão ínclitos varões. Fossem outros os temos, seria o caso de pensar na ação de "solertes comunistas" (uma expressão ridícula na atual conjuntura), tal é a extensão do falatório reinante por aí. afinal, há de concordar comigo o paciente leitor que essa história de bancos suíços, ou de paraísos fiscais, ou de aplicação em minérios no Pará, pode ser bisbilhotice de desocupados, tanto quanto os demais cochichos que pairam nos ares.


Por sua vez, teses de somenos importância, como o achatamento salarial, o arrocho dos empresários, a violência urbana, o desemprego endêmico e epidêmico, prestações e juros escorchantes, ficam a cargo de "nós o povo", desde que só rendem sufocos, úlceras e enfartes. Enfim, para encerrar esta epístola e, assim, abreviar o tédio de quem teve a pachorra de lê-la até aqui, tenho a convicção de que o inverno de nossa desesperança (com o perdão de Steinbeck), não será longo demais.

Há, neste querido Brasil,  no Amazonas, e em Manaus, pessoas e instituições em que você e eu temos de acreditar, pelo inegável papel histórico que representam. Há inúmeros outros varões, gestores inclusive, com dignidade, senso de responsabilidade, boa vontade e desejo de lutar contra uma situação que envergonha, deprime e degrada uma pátria e estado que desejamos nobre, altiva e independente.

No mais, sem piada, formulo meu desejo de saúde e prosperidade aos irmãos, fazendo sinceros votos que aquele triste acervo seja metamorfoseado em trabalho sério e honesto, no trato do suado e surrado dinheiro público, fundamentalmente nas eleições municipais de outubro próximo, já que não moramos no país, nem no Estado, moramos no município, e que os projetos e planos não sejam transformados em uma mostra apenas cosmética e marqueteira.

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