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Protestos na Nicarágua têm ao menos 20 mortos, diz organização

Por Portal Do Holanda

22/04/2018 20h38 — em
Mundo



MANÁGUA — Um órgão de Direitos Humanos da Nicarágua informou, neste domingo, que pelo menos 20 pessoas morreram durante os violentos protestos contra a reforma da Previdência do país nesta semana. Segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) o número de vítimas ainda é incerto, mas já teriam sido confirmadas pelo menos 20 mortes.

A Nicarágua completou, neste domingo, o quinto dia de violentos protestos contra a reforma do sistema de segurança social, na crise mais profunda desde que Daniel Ortega voltou ao poder.

Supermercados da capital Managua foram saqueados neste domingo. De acordo com a agência de notícia Reuters, a Cruz Vermelha confirma sete mortes nas regiões em que estava presente. Até sexta-feira à noite o governo confirmou quase uma dúzia de mortes.

No sábado, a imprensa local informou que um jornalista de televisão foi morto a tiros enquanto fazia uma transmissão ao vivo sobre os protestos de Bluefields, uma cidade na costa caribenha afetada pelos tumultos.

"A maioria deles foram mortes por armas de fogo, outros por balas de borracha em lugares muito sensíveis como a garganta", disse à Reuters Marlín Sierra, diretor do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos.

Diante do crescente descontentamento com a reforma, que elevará a contribuição de trabalhadores e empregadores e reduzirá as aposentadorias futuras, Ortega prometeu revisar a reforma no sábado. No entanto, a repressão pela polícia contra os manifestantes e barreiras para alguns meios de comunicação nos últimos dias têm alimentado mais críticas ao presidente, que tem reforçado gradualmente seu controle sobre as instituições do país desde que voltou à presidência em janeiro 2007.

PAPA FRANCISCO PEDE FIM DA VIOLÊNCIA

Neste domingo, falando a dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa Francisco pediu que "ponha um fim a todas as formas de violência e impeça o derramamento de sangue sem sentido" na Nicarágua.

A Nicarágua tem sido um dos países mais estáveis da América Central, evitando em grande parte a turbulência política ou a violência do narcotráfico que atingiu Honduras, El Salvador e Guatemala nos últimos anos.

Ortega presidiu a um período de crescimento estável com uma mistura de políticas socialistas e capitalismo. Mas os críticos acusam Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, de tentar estabelecer uma ditadura familiar.

`Como líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), Ortega esteve à frente da última revolução armada na América Latina, em 1979. Eleito presidente em 1985, quando os sandinistas enfrentavam os "contras", reação armada patrocinada pelos Estados Unidos, ele acabou derrotado quando tentava se reeleger, em 1990. Há 11 anos, Ortega voltou ao poder em aliança com setores da direita e hoje cumpre seu terceiro mandato consecutivo.

Nos últimos dias, seu governo endureceu a repressão contra as centenas de manifestantes que se opõem às mudanças no regime de pensões e aposentadorias. Com as novas medidas, a contribuição dos trabalhadores passa de 6,25% para 7% do salário, enquanto os empregadores pagarão 22,5% (antes contribuíam com 19%). Os aposentados terão que contribuir para o INSS com 5% do valor que recebem.

O setor empresarial rejeitou os decretos de Ortega, que afirma que o objetivo é sanar as finanças do INSS. O presidente atende a uma recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI).


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