Compartilhe este texto

Expedição busca estimar população de botos cor-de-rosa e tucuxi no rio Amazonas

Por Portal Do Holanda

29/01/2020 10h13 — em
Amazonas


Foto: Chico Batata

Manaus/AM - Uma expedição científica reuniu organizações internacionais para realizar registros de avistagem de botos ao longo do rio Amazonas-Solimões. O objetivo foi dimensionar as populações dos animais ao longo de um trecho transfronteiriço de quase mil quilômetros que abrangeu Brasil, Peru e Colômbia. 

O trabalho, realizado por 11 pesquisadores, faz parte da Iniciativa para os Botos da América do Sul (SARDI, da sigla em inglês), e contou com a participação do Instituto Mamirauá (Brasil), WWF, Fundação Omacha (Colômbia), e Solinia (Peru).

A viagem começou no dia 9 de janeiro em Iquitos, no Peru, passou por Letícia, na Colômbia, e foi finalizada em Santo Antônio do Içá, no Brasil, no dia 18 de janeiro. 

O objetivo do projeto a longo prazo é verificar se a população dos cetáceos de água doce, o boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis), estão em número estável, declínio ou aumento. 

“A Amazônia tem rios com distintas categorias, como cor e química da água, vegetação, volume de recurso pesqueiro, e, portanto, é necessário amostrarmos diversos cursos d´água para termos um panorama mais completo das abundâncias de botos em toda a bacia”, explica Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC.)

Os resultados ainda são preliminares e os números aproximados de 400 botos e 300 tucuxis ainda serão analisados para obter valores de abundância estimada no trecho amostrado. 

Segundo a pesquisadora, os resultados se inserem na média geral de expedições prévias.

Uma das curiosidades, relata Miriam, foi que no Peru e na Colômbia os cientistas avistaram mais boto-cor-de-rosa em comparação ao tucuxi, normalmente de mais fácil avistagem pelo comportamento de saltar.

Atualmente, o boto-cor-de-rosa sofre perigo de extinção, classificação dada pela lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês).

O grupo de pesquisadores também avaliou sinais de ameaças, como a presença de redes de pesca e indícios da pressão da caça de botos para usá-los como isca do peixe piracatinga.

“Vimos poucas redes, sem grandes sinais de ameaça, o que é um bom sinal”, diz a especialista.

Comparação em trecho peruano

Em 1995, já havia sido realizada amostragem no trecho Iquitos-Santa Rosa, no Peru, na região da tríplice fronteira. A comparação com os dados atualizados permitirá aos pesquisadores verificar se há tendência de aumento ou declínio no número dos animais na área.

Da fronteira Santa Rosa-Letícia-Tabatinga até o destino final, em Santo Antônio do Içá, entretanto, foi a primeira vez que se coletou dados populacionais dos mamíferos aquáticos, preenchendo, assim, uma lacuna de informações. 

Os especialistas da SARDI esperam que as informações obtidas na viagem, junto com a análise do monitoramento de deslocamentos de botos por satélite, realizado desde 2017, sejam levados em consideração para o desenvolvimento de um Plano de Manejo e Conservação (CMP, da sigla em inglês) para os botos de água doce da América do Sul. 


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: boto tucuxi, botos cor-de-rosa, Instituto Mamirauá, Manaus, RIO AMAZONAS, WWF, Amazonas

+ Amazonas