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Após confusão em Copacabana, Crivella decide que grandes blocos desfilarão de manhã

Por Folha de São Paulo

17/01/2020 18h07 — em
Variedades



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Após a confusão que tomou a orla de Copacabana na abertura oficial do Carnaval do Rio no último domingo (12), o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) decidiu transferir grandes blocos que antes desfilavam à tarde na zona sul carioca para o período da manhã.

Assim, eles acontecerão no mesmo horário que os chamados megablocos do centro da cidade, das 7h às 12h, evitando uma migração massiva de foliões de uma região para outra da cidade no período entre as duas apresentações.

Os megablocos são os que costumam reunir acima de 300 mil pessoas e se apresentam na avenida Presidente Antônio Carlos, próximo à Assembleia Legislativa, como Chora Me Liga, Bloco da Preta e Fervo da Ludi (o show da Lexa em 2 de fevereiro foi cancelado, veja a programação ao final).

Já os desfiles que devem sofrer alteração no horário são especificamente dois: os tradicionais Banda de Ipanema e Simpatia É Quase Amor, que saem em Ipanema e antes terminavam por volta das 21h. Eles não concentram tanta gente como os megablocos, mas são considerados muito grandes.

A mudança aconteceu após reclamações das associações de moradores dos três bairros mais famosos da zona sul - Leblon, Ipanema e Copacabana. Neste último, Crivella também determinou que não haja blocos grandes a partir de agora, independentemente do horário.

"Torcemos para que dê certo. Carnaval é aberto ao público, é orgânico. A gente planeja, planeja, planeja, mas no fim ele é aberto", disse à imprensa nesta sexta (17) Marcelo Alves, presidente da Riotur, empresa municipal que organiza o evento. "Não temos como controlar o acesso. Temos um histórico do público, mas não dá para cravar quantas pessoas vão ao próximo desfile."

Copacabana foi palco de um cenário de desespero no último domingo durante a dispersão do show do Bloco da Favorita, que teve convidados como Preta Gil, Sandra de Sá e Toni Garrido e marcou a abertura oficial do Carnaval, extendido para 50 dias pela prefeitura neste ano para atrair mais turistas.

Cerca de uma hora e meia depois das apresentações, já de noite, o clima descontraído deu lugar a correrias e bombas de gás lacrimogêneo. A Guarda Municipal afirma que a confusão começou porque agentes que foram dispersar o público e liberar a via foram atacados por ambulantes com garrafas de vidro, pedras e outros objetos. 

De acordo com o órgão, a equipe "precisou usar equipamentos de menor potencial ofensivo para conter o tumulto" e um guarda ficou levemente ferido. Outros problemas relatados durante a festa foram furtos, brigas e casos de mal estar e cortes por cacos de vidro espalhados pelo chão.

O Ministério Público do Rio havia tentado suspender o evento, alegando que ele causaria impactos do bairro e "caos urbano" agravado pela falta de antecedência na articulação com órgãos de transporte, limpeza, controle de tráfego etc. --a autorização da PM só foi dada três dias antes. Mas a Justiça negou o pedido em duas instâncias. 

Questionado sobre o que poderia ter evitado a confusão, Crivella comentou que deve-se adiar a dispersão do público e a reabertura das ruas caso ainda haja um grupo grande de pessoas presente, mesmo após o fim dos shows ou desfiles. "A gente fica entre o mar e o rochedo: a população quer que abra, mas quem está na rua não quer", disse.

O prefeito tem fama de inimigo do Carnaval por ser evangélico --reputação que ele nega. Ele nunca foi a um desfile na Marquês de Sapucaí e extinguiu as verbas da prefeitura para escolas de samba neste ano.

Apesar do problema em Copacabana, o presidente da Riotur defendeu que a quantidade de turistas esperada para o feriado não foi afetada. Segundo ele, os hotéis da cidade já estão quase 100% ocupados, principalmente na zona sul, batendo recordes dos últimos anos.

Carnaval de 50 dias A extensão do Carnaval oficial do Rio para 50 dias --no ano passado foram 23, contando o pré e o pós-- foi uma jogada de marketing da empresa para aproveitar a estrutura do Réveillon e induzir visitantes a permanecerem na cidade por mais tempo, aumentando de 1,7 milhão para 1,9 milhão o número de turistas.

A quantidade de desfiles previstos também voltou a crescer: são 542 cadastrados até agora, ante 498 em 2019 e 608 em 2018. A confirmação de cada um deles, porém, ainda depende de autorizações de órgãos como Corpo de Bombeiros e Polícia Militar.

As ligas de blocos têm vivido novamente um impasse com exigências que consideram ser de responsabilidade do poder público, que começaram a ser cobradas no ano passado e agora teriam se intensificado. A principal delas é que os grandes cortejos banquem mais ambulâncias e equipes médicas.

Os grupos pedem a revisão de decretos estaduais de 2014 e 2016, que submetem os desfiles de Carnaval com trios elétricos ou outras estruturas às mesmas regras de eventos como shows e festivais. Eles sustentam que são apenas artistas, e não "megaempresários do show business".

No Rio, a organização do Carnaval é exclusiva da prefeitura, que neste ano vai disponibilizar 33 mil banheiros, 7 postos médicos, 303 ambulâncias, 858 profissionais de saúde, 475 agentes de trânsito e 1.180 garis. São investidos em média, anualmente, R$ 100 milhões, sendo R$ 16 milhões no sambódromo.

Dentro desse valor está um aporte privado. Desde 2011, a produtora Dream Factory, através da Ambev, ganhou todas as licitações para bancar equipamentos públicos da festa (cerca de R$ 26 milhões por ano) em troca do direito de negociar verbas de patrocínio. O modelo foi criado na gestão de Eduardo Paes (então MDB).

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