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OMS eleva ameaça global do coronavírus para 'muito alta'

Por Folha de São Paulo

28/02/2020 20h27 — em
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SÃO PAULO, SP e NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - A OMS (Organização Mundial da Saúde) mudou a avaliação da ameaça internacional do coronavírus Sars-CoV-2 de "alta" para "muito alta", a mais grave do novo sistema de alerta de quatro fases da entidade.

"Esse é um alerta para todos os governos do planeta", disse Michael J. Ryan, diretor do programa de saúde emergencial da OMS. "Acordem. Prontifiquem-se. O vírus pode estar a caminho."

A avaliação se refere aos riscos da dispersão sem controle do vírus e do impacto que isso possa causar. Ryan disse também que a mudança reflete a dificuldade de alguns países conterem a disseminação da doença. A entidade, porém, não explicou em seu site ou nas redes sociais quais são as quatro fases do sistema de alerta e o que essa última implica exatamente.

"O aumento contínuo do número de casos da doença causada pelo vírus, a chamada covid-19, e o aumento do número de países afetados são claramente preocupantes", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em entrevista nesta sexta-feira (28).

"Nossos epidemiologistas estão monitorando os desdobramentos, e agora aumentamos nossa avaliação do risco de espalhamento e o risco de impacto da covid-19 para muito alta num nível global."

A OMS chama a situação atual do coronavírus de epidemia, e não pandemia, mas muitos especialistas dizem que a situação já tem este último status ou logo terá.

A organização não usa mais um sistema de seis fases, que ia da fase 1 (sem relatos de gripes em animais causando infecções em humanos) à fase 6 (pandemia), segundo Tarik Jasarevic, porta-voz da OMS.

"Grupos em várias organizações estão trabalhando para definir o status de pandemia para esse novo vírus, o que pode demorar", disse.

A entidade define epidemia como um surto regional de uma doença que se espalha de forma inesperada. Em 2010, a OMS definiu pandemia como o espalhamento mundial de uma nova doença que afeta um grande número de pessoas.

No mês passado, a OMS declarou que o surto era uma emergência de saúde global. Nesta semana, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a decisão de usar a palavra pandemia se baseava em uma avaliação contínua sobre a disseminação geográfica do vírus, a gravidade dos seus efeitos e seus impactos na sociedade.

"Esse vírus tem potencial pandêmico? Com certeza. Já estamos nesse nível? Pela nossa avaliação, ainda não", disse ele. "Até agora, autoridades de saúde não testemunharam o espalhamento sem controle do vírus ou evidência de doenças graves ou mortes em larga escala." Alguns países conseguiram até diminuir ou parar a transmissão.

Para Gostin, há duas razões para o diretor da OMS não chamar a situação atual de pandemia: porque a epidemia ainda pode ser contida, e para evitar pânico desnecessário. "Ele não quer criar uma reação exagerada, com mais fechamentos de cidades, mais vetos a viagens, mais danos aos direitos humanos e à atividade econômica."

A OMS publicou um novo relatório no qual elogiou a quarentena agressiva usada pela China, onde a epidemia começou e está a maioria dos casos. Depois de minimizar o surto na cidade de Wuhan, o governo isolou cidades inteiras e milhares de pessoas que poderiam ter sido infectadas, desligou redes de transporte público e fechou escolas.

"A abordagem corajosa da China para conter o rápido espalhamento desse novo patógeno respiratório mudou o curso da epidemia", diz o texto, que também aponta que infecções novas caíram de mais de 2.000 por dia para algumas centenas.

Nas últimas 24 horas, a China reportou 329 casos da doença, o menor número em um mês. Enquanto isso, 24 casos foram exportados da Itália para 14 países, e 97 casos foram exportados do Irã para 11 países.

A estratégia chinesa evitou ou pelo menos atrasou centenas de milhares de casos e teve papel significativo em proteger a comunidade global, afirma o relatório.

Ghebreyesus também afirmou que há mais de 20 vacinas sendo desenvolvidas no mundo. "Há coisas que cada indivíduo já pode fazer para se proteger e proteger os outros hoje", disse, referindo-se às boas práticas de higiene como lavar sempre as mãos e espirrar e tossir no cotovelo ou em lenços descartáveis.

"Seu risco depende de onde você mora, sua idade e sua saúde em geral", lembrou o diretor. "Nosso maior inimigo agora não é o coronavírus por si só. É o medo, o boato e o estigma. Nosso maior ativo são os fatos, a razão e a solidariedade", escreveu em rede social.

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