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‘A Caminho da Lua’ e os estágios do luto | Crítica

Por Portal Do Holanda

26/10/2020 13h43 — em
1 Minuto Nerd por Átila Simonsen


A Caminho da Lua fala de todas as fases do luto. Foto: Reprodução

Como seguir em frente depois de perder um grande amor?

‘A Caminho da Lua’ é a nova animação da Netflix que chegou como uma bomba e conta muito mais do que diz a sua sinopse oficial: Determinada a comprovar a existência de uma deusa, a jovem Fei Fei decide usar todo seu conhecimento em ciência para embarcar em uma incrível missão: construir um foguete e ir até a Lua! Ao chegar lá, ela se depara com uma terra mágica e suas criaturas fantásticas. O primeiro passo é acreditar. 

Aliás, devo adiantar que o resumo não chega nem perto sobre o que é verdadeiramente o filme. O longa fala explicitamente de todos os cinco estágios do Luto (Negação, Raiva, Negociação/Barganha, Depressão e Aceitação), em diversas visões diferentes.

 

 

Os primeiros 15 minutos contam a história que levará a criança até o luto pela perda de sua mãe. Não se sabe ao certo como foi, mas fica bem explicitado que era algo esperado. E é bem aí que você chora pela primeira vez (e sim, você ainda vai chorar muito).

Quatro anos se passam, a criança cresce e acha que aceitou a partida da mãe. Já o pai consegue seguir em frente e arranja uma nova namorada, que a menina odeia, é claro.

Um olhar um pouco mais atento percebe que Fei Fei não aceita uma mulher na vida dela que não seja a mãe.

Ela quer então provar que o amor verdadeiro resiste ao tempo que for e constrói um foguete para ir até a Deusa Chang’e, famosa por esperar seu amado por três mil anos (conta a lenda que ela foi separada de Houy, que morreu na Terra, enquanto ela é imortal na Lua).

Quando chega à Lua (e ainda com um intruso novo meio-irmão a bordo), Fei Fei recebe um show de luzes, literalmente: Chang’e faz um apresentação muito K-Pop e logo mostra uma outra face, nada gentil e romântica do começo: ela é pura raiva junto com a barganha.

 

 

A analogia da tristeza profunda está especialmente na ‘Câmara da Extraordinária Tristeza’, a parte do luto em que se isola e a alegria e o colorido todo se se apaga. Uma fala chama demais a atenção:  “Não tente entrar, você pode nunca mais sair ou voltar pra casa”. Não há como ser mais explícito que isso.

Como em toda animação feita para crianças, a força da amizade e da empatia vencem e tudo termina bem para todes. E não é isso que precisamos?

“Só há um jeito de a vida prosseguir. Se você abrir seu coração, o amor virá, então.
Você merece encontrar a sua família, e o caminho é se abrir pro amor.
É um sentimento seu, o amor nunca morre, ele só cresce, aonde você for.
​Só há um jeito de acalmar a dor: É se abrir para alguém novo”

'Para alguém novo' é a Deusa cantando para Fei Fei e não há nada de relacionamento amoroso nisso: ao mesmo tempo que escutamos, o meio-irmão está do outro lado, tentando a todo custo entrar na Câmara.

Essa parte das um milhão de canções (afinal, é um musical) resume as perdas tanto da menina quanto da Deusa. Enquanto uma deve aceitar uma nova família, a outra precisa entender que o amor acabou: sem que ela tenha percebido, Houyi já tinha outra pessoa há muito tempo.

Deusa Chang'e não é nada disso que você está pensando.

Falando sobre o desenho, a vontade é de ter todos as visões do Espaço dentro do quarto: nebulosas, a Lua e até a Constelação de Pégaso é fielmente retratada, não devendo nada aos ilustradores da Nasa.

Porém, há uma aparência de certa preguiça  em relação aos personagens, ou nos acostumamos a detalhes tão fortes como o mexer dos cabelos com a Pixar?

A direção é de Glen Keane, cineasta e animador vencedor do Oscar®, e a produção de Gennie Rim e Peilin Chou.

Não importa a idade nem o tipo de término: 'A Caminho da Lua' é filme obrigatório para quem sofre luto.

 

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Átila Simonsen

+ Jornalista Geek
+ CEO 1 Minuto Nerd
+ Embaixador Include by Campus Party


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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