Desembargador do Amazonas compara caneta de advogados a pistolas usadas por bandidos perigosos. OAB protesta
Manaus - O desembargador Rafael de Araújo Romano, ao negar o habeas corpus à advogada Syrslane Ferreira Navegante, que teve mandado de prisão expedido pela juíza Careen Aguiar Fernandes, da 7ª Vara Criminal, afirmou em seu voto que “as armas do advogado, muito mais contundentes do que pistolas, são palavra e a caneta. Sendo assim, é ledo engano concluir que o advogado não seria capaz de representar figura perigosa perante à sociedade”.
Para o advogado Abdala Sahdo Júnior, os dizeres do desembargador sãoi a mesma coisa que afirmar que erros praticados por magistrados no exercício de suas funções tem a conotação de um crime praticado por um bandido" e que a comparação foi uma grosseria com a classe de operadores do direito.
Para o advogado criminalista Carlos Henrique Souza, o desembargador Rafael Romano, ao comparar em seu voto a caneta do advogado a arma de um bandido, já entra direto no mérito de ação que ainda tramita na 7ª Vara Criminal, condenando antecipadamente a advogada, sem sequer dar a ela o direito do contraditório para que possa provar sua inocência.
Em Nota, a OAB diz que ao generalizar,o desembartador atingiu toda a classe de advotgados (veja nota abaixo).
Entenda o caso
No dia 24 de abril deste ano a Polícia Civil desencadeou a “Operação Gaia – Deusa da Terra”, com o objetivo de prender acusados venderem terrenos nos loteamentos do Águas Claras, Parque das Garças e Água Rica, na Zona Norte de Manaus. Eles cumpriram mandados de prisão e busca e apreensão expedidos pela juíza Carren Aguiar Fernandes, da 7ª Vara Criminal.
Na ação foram presos o tenente coronel da Polícia Militar Berilo Bernardino de Oliveira, a corretora Maria Lima Silma Braga e Jean Cláudio Lima Sombra, Alcineide de Oliveira Barbosa, Elias Fernandes Carvalho, Jordan Mota da Silva, Oseias Silva de Carvalho, 55, as irmãs Priscila e Denise Lima Menezes, Adriany da Silva Oliveira, Janilton Gomes de Araújo e Denise Ribeiro dos Reis Carvalho.
ASSUNTOS: advogado, OAB, OPERAÇÃO GAIA, RAFAEL ROMANO, Amazonas, Justiça & Direito