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Mega exposição vaivém no CCBB-SP recebe artistas amazonenses

Por Portal Do Holanda

27/05/2019 10h41 — em
Agenda Cultural


Foto: Divulgação

Manaus/AM - Símbolo de consagração aos grandes nomes das artes nacionais o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), São Paulo recebe os artistas amazonenses Duhigó, da etnia Tukano, Dhiani Pa’saro, da etnia Wanano e Füãreicü, da etnia Ticuna, na exposição VaiVém que apresentam obras de arte inspiradas nas redes de dormir brasileiras.

Os três indígenas amazonenses dividem o mesmo espaço com os renomados Bené Fonteles, Bispo do Rosário, Claudia Andujar, Djanira, Ernesto Neto, Luiz Braga, Mestre Vitalino, Tarsila do Amaral e Tunga somando 141 artistas e mais de 300 obras datadas do século 16 ao 21 que apresentam em seus trabalhos as redes de dormir como símbolo da identidade cultural brasileira.

Com curadoria de Raphael Fonseca, crítico, historiador da arte e curador do MAC-Niterói, a VaiVém ocupa todo o edifício do CCBB-SP e destaca também a participação de 32 artistas contemporâneos indígenas, como Arissana Pataxó, Denilson Baniwa, Gustavo Caboco, Jaider Esbell e o coletivo MAHKU. Duhigó e Dhiani Pa’saro expõem, trabalhos criados especialmente para o projeto sob a coordenação da Manaus Amazônia Galeria de Arte.

Duhigó apresenta a inédita acrílica sobre madeira Nepũ Arquepũ (Rede Macaco, na língua Tukano), sobre o ritual de nascimento de um bebê Tukano e a rede como “testemunha ocular” desta cena da memória afetiva da artista. Dhiani Pa’saro, artista da pintura e da marchetaria faz sua estreia em cenário nacional com a marchetaria Wũnũ Phunõ (Rede Preguiça, na língua Wanano), composta por 40 tipos de madeira e inspirada em duas variações de grafismos indígenas: o “casco de besouro” (Wanano) e o “asa de borboleta” (Ticuna).

“Longe de reforçar os estereótipos da tropicalidade, esta exposição investiga as origens das redes e suas representações iconográficas: ao revisitar o passado conseguimos compreender como um fazer ancestral criado pelos povos ameríndios foi apropriado pelos europeus e, mais de cinco séculos após a invasão das Américas, ocupa um lugar de destaque no panteão que constitui a noção de uma identidade brasileira”, afirma o curador, que pesquisou o tema por mais de quatro anos para sua tese de doutorado em uma universidade pública.

Com pinturas, esculturas, instalações, fotografias, vídeos, documentos, intervenções e performances, além de objetos de cultura visual, como HQs e selos, Vaivém ocupa todos os espaços expositivos do CCBB São Paulo, do subsolo ao quarto andar, e está estruturada em seis núcleos temáticos e transhistóricos.

PERCORRENDO A EXPOSIÇÃO

Vaivém tem início com Resistências e permanências, que é apresentado no subsolo do edifício e mostra as redes como símbolo e objeto onipresente da cultura dos povos originários do Brasil. “Mesmo com séculos de colonização e até com as recentes crises políticas quanto aos direitos indígenas, elas se perpetuaram como uma das muitas tecnologias ameríndias”, diz Fonseca.

O segundo núcleo da exposição, A rede como escultura, a escultura como rede, tem trabalhos que mostram redes de dormir a partir da linguagem escultórica e que estão distribuídos por diferentes espaços do CCBB São Paulo, a começar pelo hall de entrada. Rede Social é uma instalação interativa do coletivo Opavivará!, com uma rede gigante que convida o público a se deitar e balançar ao som de chocalhos.

No segundo andar do edifício estão dois núcleos. Olhar para o outro, olhar para si traz documentos e trabalhos de artistas históricos e viajantes, como Hans Staden, Jean-Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas, que registraram os aspectos da vida no Brasil durante a colonização. Ao lado deles, artistas contemporâneos indígenas foram convidados a desconstruir o olhar eurocêntrico dessas imagens a respeito de seus antepassados e propor novas narrativas.

Neste mesmo andar o visitante encontra as obras de Duhigó e Dhiani Pa’saro. Para o galerista de arte, Carlysson Sena, a participação destes dois artistas na VaiVém é um marco na arte visual amazonense. “São artistas que vem de uma construção artística de pelo menos 15 anos e que agora podem ser vistos e conhecidos pelo grande público brasileiro que frequenta os CCBBs. Eles foram selecionados por uma rígida e qualificada curadoria. A poética e a verdade dos trabalhos de ambos artistas estão encantando o público e anuncia uma nova fase para a carreira deles”, destacou.

Em Disseminações: entre o público e o privado as redes surgem em atividades do cotidiano do Brasil colonial, como mobiliário, meio de transporte e práticas funerárias.

No terceiro andar do CCBB São Paulo, Modernidades: espaços para a preguiça, a rede passa a ser associada à preguiça, à estafa e ao descanso decorrentes do encontro entre o trabalho braçal e o calor tropical. O ponto central é ocupado por “Macunaíma” (1929), livro de Mário de Andrade. O personagem que passa grande parte da história deitado em uma rede está em obras de diferentes linguagens.

Carybé foi o primeiro artista a fazer ilustrações de Macunaíma. Um desenho pouco exibido de Tarsila do Amaral mostra o Batizado de Macunaíma. Entre estes renomados das artes visuais brasileiras um outro artista indígena amazonense, Füãreicü, da etnia Ticuna, apresenta sua obra “Repouso de Koch-Grünberg–Alto Rio Negro/Amazonas”, da coleção “Theodor Koch Grünberg – Um viajante na Amazônia” do Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura da Amazônia (IDC) e que irá compor o acervo do Museu de Arte e Imaginário da Amazônia (MAIA).

No espaço também estão Djanira, com o raro autorretrato Descanso na rede, em que surge ao lado de seu cachorro, e peças de mobiliário desenhadas por Paulo Mendes da Rocha e Sergio Rodrigues.

No quarto andar está o núcleo Invenções do Nordeste. Nele foram reunidas obras que transformam em imagens mitos a respeito da relação entre as redes e esta região do país, além de trabalhos em que elas surgem como símbolo de orgulho local e de sua potente indústria têxtil.

ITINERÂNCIA DA EXPOSIÇÃO

Vaivém fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo até 29 de julho. A exposição será também exibida nos CCBB de Brasília (setembro/2019), Rio de Janeiro (dezembro/2019) e Belo Horizonte (março/2020).


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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