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Após 23 anos, Rodrigo Alvarez pede demissão da Globo e Ali Kamel escreve carta aberta

Por Portal Do Holanda

17/12/2019 22h05 — em
Famosos & TV


Foto: Reprodução/TV Globo

Rodrigo Alvarez,  correspondente da Globo na Europa, pediu demissão da emissora após 23 anos na emissora. O diretor-geral de Jornalismo, Ali Kamel, publicou um longo comunicado nesta terça-feira (17), afirmando que Rodrigo decidiu dar uma "pausa". 

Segundo o Notícias da TV, o repórter irá se mudar da França com a família para os Estados Unidos.

Leia a carta de Ali Kamel na íntegra: 

"Creio que foi em junho desse ano, numa de nossas conversas no Brasil, que Rodrigo Alvarez me disse que acreditava que um ciclo se fechava para ele: o de correspondente no exterior. Não que ele estivesse cansado do maravilhoso trabalho de ser os olhos e ouvidos dos brasileiros no mundo. O entusiasmo era o mesmo. Mas entusiasmo pelo que a gente rótula de grandes matérias ou matérias especiais.

O dia a dia, com múltiplas entradas ao vivo, não lhe dava mais o mesmo prazer que antes. Consciente de que a vida do correspondente, hoje mais do que nunca, são as grandes matérias, mas o dia a dia também, Rodrigo decidiu dar uma pausa. Creio que contribuiu para a decisão dele a vida de escritor, que ele consolidou. Ele me disse que ele e a família não voltariam ao Brasil, mas trocariam a França pelos Estados Unidos. Eu lamentei a decisão, mas respeitei. E nos últimos seis meses ele brilhou em nossos telejornais como em todos os anos anteriores.

Quantas vezes temos o privilegio de ver colegas realizarem seus sonhos profissionais? Quem conhece o Rodrigo sabe que ele sonhou ser correspondente internacional desde que entrou para o jornalismo da Globo, em 1996, como trainee de editor de imagens na GloboNews Rio. Aos 45 anos, cheio de saúde e energia, Rodrigo encerra por vontade própria essa etapa na carreira dele aqui na Globo.

O editor de imagens virou repórter da madrugada poucos anos depois de entrar na TV. E fez a primeira reportagem internacional quando vendeu o carro, comprou uma câmera e foi para o Vale do Silício gravar sozinho um especial sobre o boom das empresas de internet. Lá, entrevistou os fundadores do Google, que na época tinha só 200 funcionários.

Por coincidência, na mesma semana em que a série foi ao ar, Alvarez, o cinegrafista Eglédio Vianna e o técnico Márcio Couto flagraram um momento histórico: o naufrágio da plataforma P36 da Petrobras, em Macaé, no Rio de Janeiro. Uma cobertura memorável, de que todos nós lembramos.

Nos Estados Unidos, onde ocupou seu primeiro posto internacional, a partir de 2006, Alvarez foi correspondentes de leste a oeste, em Nova York e na Califórnia. Uma de suas grandes missões foi cobrir o massacre da Universidade de Virgínia, em 2007. Ele e o cinegrafista Orlando Moreira foram os primeiros a entrar com uma câmera escondida no dormitório onde um estudante havia matado 32 pessoas.

No ano seguinte, com o cinegrafista Sérgio Telles, Rodrigo rodou 18 estados americanos de carro para uma série do Jornal da Globo sobre a eleição presidencial de 2008, que terminou com a vitória de Barack Obama. A aventura na estrada, entrevistando eleitores, rendeu um livro - o primeiro de Alvarez. O segundo veio pouco depois, na sequência de mais um evento marcante: o terremoto que destruiu o Haiti e provocou uma enorme calamidade humanitária, em 2010.

De volta ao Brasil, trabalhou na redação de São Paulo. E depois aceitou ocupar o posto de Jerusalém. Foi de lá que ele saiu para cobrir, em 2013, o longo e emocionante funeral de Nelson Mandela. No ano seguinte, abasteceu nossos telejornais com matérias na linha de frente do conflito Israel-Palestina. A cobertura da Guerra de Gaza foi um de seus mais brilhantes trabalhos na Globo.

Mais recentemente, Alvarez também foi um dos nossos correspondentes que acompanharam o êxodo de refugiados do Oriente Médio para a Europa - o maior deslocamento humano forçado desde o fim da Segunda Guerra. Em 2016, já como correspondente em Berlim, seguiu acompanhando o drama dos refugiados, e também a onda de terrorismo na Europa.

Em 2018, mudou sua base para Paris. E continuou viajando. Com os cinegrafistas Mário Camera e Lucas Marshal, e o correspondente Rodrigo Carvalho, Alvarez mostrou para o Brasil o cinematográfico e bem-sucedido resgate dos meninos que passaram quase vinte dias presos em uma caverna alagada no norte da Tailândia.

Depois de todos esses postos, de todas essas viagens e histórias, Alvarez termina hoje sua jornada na Globo com uma parceria especial. Londres precisou de um reforço de última hora para cobrir a eleição britânica. No escritório, Cesar Cardoso, que lá em 1996 foi o primeiro professor do trainee Rodrigo Alvarez numa ilha, teve o prazer de editar, para o JN desta noite, a última matéria do ex-aluno que virou correspondente.

Ao Rodrigo, agradeço tudo o que fez na Globo, felicito-o e desejo boa sorte nos novos desafios. Sei que dará certo, porque sempre deu. Quando na Califórnia, em meio a grande êxito, me chamou para uma conversa e sugeriu que seria melhor ir para Nova York. E foi. Na cidade, marcou presença no Fantástico e nos telejornais. Um dia, em visita ao Rio, me disse que precisava voltar ao Brasil, para se recarregar. E a volta foi um período maravilhoso.

Ao fim de um período, aceitou ir para Jerusalém e brilhou. Depois foi para Berlim e, por sugestão dele, depois para Paris. Sempre com êxito. É por isso a minha certeza. Quando a inquietude se instala em Rodrigo e a vontade de mudar aparece forte, a consequência sempre é boa."

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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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