Em visita ao Portal do Holanda, o prefeito de Manaus, Arthur Neto, anunciou para julho o pagamento de parcela do décimo terceiro salário dos servidores. E mais uma vez afirmou que está enfrentando a crise  generalizada que se abate sobre o Pais e afeta drasticamente Manaus,  com muito trabalho. Ele também repetiu que não concederá reajusta da tarifa de ônibus na cidade.

Como é ser prefeito de Manaus nesse momento de crise generalizada? Brasil em crise, o Amazonas em crise, a receita do município também caindo...

Arthur - A receita do município está caindo muito, porque ela reflete não só as suas próprias linhas de arrecadação, seus próprios impostos como reflete também o ICMS que vem a partir do Estado e o FPM que vem a partir da União. Mas nós estamos fazendo uma coisa que me parece bem simples: cortar custeio para preservar investimentos. E com o agravamento da crise, cortar mais custeio para priorizar os principais investimentos resultado é que nós temos oriundas de recursos próprios ou de medidas compensatórias para as empresas, a Implurb, a Semmas e que vem para o Tesouro, e viram obras úteis para a população.

Temos também uma dotação que a gente separa já o dinheiro para as emendas parlamentares, uma coisa inédita no Brasil, não só a gente que prestigia os vereadores e os convoca a governar conosco como a gente torna  disponivel para a sociedade  as emendas que os vereadores indicam.

Então nós temos muitas obras, uma centena de obras entre as que já entregues, as que estão sendo entregues e as que vão ser entregues oriundas de emendas parlamentares e muitas de medidas compensatórias. Eduardo Ribeiro, para quem não sabe, custa quase R$ 10 milhões e nenhum centavo é da prefeitura, tudo medida compensatória paga ao Implurb. Nós temos a Lagoa do Japiim, medida compensatória paga a estação de tratamento de esgoto,  e outras obras foram feitas lá, ontem eu a entreguei  belíssima faltando só a estação de tratamento de esgoto, a Manaus Ambiental troca uma multa por essa obra importantíssima que é de saneamento básico. E por outras razões, outras empresas colaboram também.

 E outros recursos para tocar as obras da cidade ...

Arhur - Nós temos recursos do Tesouro, o nosso grande e portentoso T4, nosso Shopping Popular do T4 é a única obra civil desse porte no Brasil feita com recursos apenas de um ente. Não tem dinheiro de Estado, de Governo Federal, de nada, só recursos nossos, da nossa poupança. A gente tem muito orgulho do trabalho que faz porque o nosso 13º salário já está desde março rendendo juros para prefeitura e metade dele vai ser paga em julho como é a praxe. E a maioria dos entes, não estão conseguindo pagar, estão atrasando, parcelando, enfim, estão reunindo dinheiro, estão no sufoco, mas nós não estamos. E em dezembro, nós não temos nenhuma dúvida que nós vamos pagar a outra parcela. Vamos cumprir todas as nossas obrigações essenciais.

Mas há uma situação grave, de pouca arrecadação e encolhimento da atividade econômica ...

Arthur - As dificuldades são muitas, eu não nego a crise, mas ao invés do “chororô” e eu não sou de “chororô”, prefiro reconhecer a crise que eu denunciei como senador em 2007. Eu disse em 2007 que viria uma crise grave pelos erros de político-econômica que o Governo Lula acumulava e que mais acumuladamente ainda funcionou no Governo Dilma errando sistematicamente no manejo da política econômica.

Eu dizia que essa crise vinha, essa crise veio e me pegou. No primeiro momento, eu disse: - Meu Deus, por que comigo? No segundo momento eu falei: - Graças a Deus que foi comigo porque não foi nem com o Arthur do outro mandato, foi com o Arthur experiente que já ajudou a governar o Brasil com o presidente Fernando Henrique com o Ministério da Secretaria Jovem da Presidência, que ajudou o presidente Fernando Henrique a governar o Brasil como líder de governo por 4 anos, que ajudou a governar o Brasil apontando equívocos e até soluções durante 8 anos em que liderei oposição ao presidente Lula, já tinha sido prefeito da outra vez, então eu disse: - Deus escreve certo por linhas tortas.

Se é sofrido, é sofrido, mas que bom que me pegou no auge da capacidade de criar, de mostrar experiência, de não perder a tranquilidade diante da crise. Então eu não nego a crise, mas eu tenho algumas fórmulas para evitar a crise. Uma é a criatividade, já falei das medidas compensatórias, outra é nós cruzarmos a experiência acumulada em 38 anos de vida pública para fazermos o terceiro item que é uma gestão de sintonia fina, uma gestão acertada, e o quarto é quase que um mantra pra nós: crise se vence com trabalho, não se vence crise chorando, nem diminuindo o ânimo do nosso povo. Eu enfrento a crise e sei que ela vai passar, e quero que o meu povo esteja muito mais forte quando a crise passar, mas por enquanto ele sabe que o que está ao meu alcance, eu faço: com garra, com pegada, com muito amor. Enfrento a crise com amor e com trabalho.

O grande calcanhar de Aquiles de qualquer prefeito é o transporte coletivo. E você tem agido de forma contundente contra o reajuste da tarifa, mas em contrapartida há um serviço muito ruim. Há uma solução para esse problema?

Arthur - Se a gente fala em greve mesmo, talvez tenha sido o governo que menos enfrentou greve. Teve outros, enfrentaram greves sistemáticas até por medidas equivocadas que tomaram. Há focos aqui que a gente debela imediatamente num certo dialogar, mas veja bem: eu me rebelei contra um reajuste que não considerei, um reajuste que não acontecerá. Eu já disse isso aos empresários do transporte coletivo, primeiro tentei explicar, não entenderam, ai eu desenhei e quando eu desenhei acho que eles já sabem que não vai ter reajuste da tarifa, que vai ficar em R$ 3 mesmo e mais o subsídio.

O que eu peço ao Governo do Estado é que ponha em dia a parte que lhe compete, por em dia do subsídio que a minha parte está rigorosamente em dia. Eu pergunto: - Se eu porventura jogasse nas costas do desempregado que é quem pagaria mais a tarifa maior, se eu condenasse o desempregado que precisa do ônibus para procurar emprego ou pra fazer um bico, foi nele que eu pensei, principalmente no desempregado. Será que se eu fizesse isso, que resolveria facilmente a vida dos patrões, de repente num passe de mágica o nível de qualidade do transporte coletivo melhoraria?

Só melhora mesmo quando a gente transpuser esse sistema arcaico que está aí, antigo, do tempo da minha bisavó. Um sistema arcaico, quando a gente transpuser essa tecnologia superada, esse modelo superado, por algo melhor, pelo menos um BRT, a gente pode trabalhar isso em parceria público-privada. Temos projetos no Ministério das Cidades, mas podemos trabalhar em parceria público-privada, estamos cuidando de olhar isso. O BRT melhoraria muito, nós teríamos obras de engenharia, não é só o ônibus, são obras de engenharia que mexem com a vida da cidade e é projeto para se fazer no período de 3 anos e meio, 4 anos.

Não tivemos a menor condição até pela dificuldade de diálogo com o governo passado, não tivemos a menor facilidade de fazer isso, mas vamos ser bem realistas: tomei medidas que baixam o custo do sistema, estou tomando medidas que baixam o custo do sistema, O “Paulo” vai vir lá do T4 direto para a Constantino Nery em velocidade de metrô, viagem que era de 1h10 vai passar para 50 min, ganhando tempo para os trabalhadores, para os usuários dos ônibus, para os que estão empregados, para os estudantes, para todo mundo e fazendo tudo o que me cabe.

E onde as empresas entram nesse processo  de melhoria do serviço de transporte coletivo....

Arthur - E pedi aos empresários que eles fizessem algo parecido, que eles procurassem formas que não rebaixasse o nível de capacidade que é sofrível apenas, mas o nível de eficiência do sistema é sofrível, eu repito, que eles não baixassem isso, mas fizessem seus ajustes. Eles me disseram que faziam os ajustes, e eu estou esperando que façam os ajustes que a minha parte, eu vou cumprindo. Isso instiga numa ação tola que simplesmente entra por um ouvido meu e sai pelo outro porque não há força humana que me obrigue a fazer uma coisa que eu não vou fazer que é assinar o reajuste da tarifa, eu não vou fazer isso.

Então, se eles perderem, eu já falei para eles: - Parem com essa bobagem. Tirem essa bobagem da cabeça, conversem comigo direito que tem muita solução para se buscar conjuntamente. Enquanto vocês acharem que a saída é pura e simplesmente eu canetar um aumento pra vocês, vocês ficam perdendo tempo, militando, criando problemas comigo, dificultando o nosso diálogo. Se vocês entenderem isso, vão ter muitas possibilidades de enxugamentos de despesas de vocês, eu já fiz vocês fazerem muitas, centro de controle de operações, consórcio operacional pelo qual as empresas que mais viajam, mais ganham. Olha, nós fizemos ligação de núcleos, nós fizemos uma porção de intervenções viárias de pequeno porte, mas que serviram para melhorar o fluxo do trânsito, enfim.

O grande problema pra mim, não é nem o transporte, é o conjunto transporte e trânsito. Quando fui prefeito da outra vez, era só o transporte, não tinha problema de trânsito. Agora é o transporte e trânsito, e a gente tem que lutar para transplantar esse sistema arcaico para um sistema de tecnologia melhor. Por outro lado, eu não vejo simplesmente eu canetando um aumento, se opere o milagre e o sistema de repente virar nota 10 quando ele não é mais que nota 5

 Os estudantes pagam meia-passagem, mas quando a atividade econômica vai bem, a maioria da população está empregada quem paga o ônibus  é o empresário através do vale-transporte, não é o trabalhador...

Arthur - Para começar, eu pensei primeiramente nos desempregados que estão gastando, exaurindo seu FGTS procurando emprego, fazendo bico. E o FGTS foi feito para dar conforto e segurança ao trabalhador, e não para exatamente mostrar mais uma faceta da vítima que é o desempregado de erros do primeiro e segundo Governo Lula, do primeiro e segundo Governo Dilma. Erros grosseiros e político-econômicos que deram nisso, eu dizia em 2007: - Vai acontecer.

Escrevi em jornal, portal, blog, site, tudo quanto lugar, falei na tv daqui e de fora, sabe que eu não tenho vocação para ser careca, mas era pra eu estar careca de tanto dizer que vinha uma crise por ai, eu não podia definir o tamanho e nem a extensão, mas eu sabia que a crise vinha. Assim como eu digo que não podemos esperar milagre e retomada do emprego de uma hora, e portanto essa coisa de tarifa fica completamente afastada.

 Ninguém sente saudade de corujinha por sentir, mas pesquisas   mostram que com o fim dos corujinhas aumentou o número de acidentes e de vítimas fatais . Existe algum projeto para que essas câmeras voltem a monitorar a velocidade de veículos em Manaus ?

Arthur -  Existem, nós estamos vendo atas que permitam um recurso que seja o menor possível nós fazermos assim, paliativamente uma licitação. Eu tive que anular uma licitação porque entendi que a licitação não estava absolutamente acima de qualquer suspeita, então eu tive que eliminá-la.

Reconheço que os corujinhas são necessários, os corujinhas previnem acidentes e diminuem a velocidade média do trânsito. Ele, de certa forma, fazendo uma multa que é justa, pois o ser humano que pode errar, que pode multar só para mostrar produtividade. Ali  está uma máquina que só multa quem ultrapassou a velocidade, então aquilo tende a tornar o Manaustrans autossuficiente que é tudo o que eu quero. Eu me revolto muito com a ideia de a gente não ter uma SMTU e um Manaustrans autossuficientes, me revolto porque são entidades que nasceram para produzir elas próprias, as suas receitas que vem das multas sobre os ônibus, no caso da SMTU que vem das multas sobre os infratores.

A gente quer sim remediar isso em curto prazo de tempo paliativamente enquanto a gente prepara uma licitação que passe pelo meu crivo, pelo meu critério, de não ter nela qualquer eiva de suspeita de alguma irregularidade. Os disputantes tem que ser todos ficha-limpa, os disputantes tem que ser todos comprovados idoneidade empresarial para que a gente possa de fato, consagrar uma licitação desse porte.

 Manaus vai sediar alguns Jogos Olímpicos, como é que você vê a preparação da cidade, como é que está esse trabalho para receber os jogos?

Arthur - Nós estamos fazendo um anúncio na América Air Lines convidando americanos para virem pra cá, em troca, eles estão oferecendo passagens para que pessoas nossas visitem os EUA, visitem os órgãos para convidar pessoas a virem pra cá, vamos começar o trabalho de internet, em relação aos outros países.

Ouvi falar em dificuldades do Governo do Estado para arcar com a sua parte, a parte que lhe cabe. Para não inquietarmos mais do que inquieto já está, o Comitê Olímpico Internacional e o Comitê Olímpico Brasileiro pedi com muita tranquilidade, não vou permitir que as Olimpíadas saiam daqui.

Não vivo uma vida fácil, vivo uma vida organizada, não fácil.  Se porventura, houver dificuldades de o Governo do Estado arcar com a sua parte, a prefeitura arcará com a parte do Governo do Estado, mas as Olimpíadas sairão. Elas serão realizadas aqui em Manaus, Manaus não pode perder o selo de cidade olímpica, é um grande evento que atrairá turistas e se a gente pensar a médio e longo prazo, vai pensar na marca Manaus difundida para que a gente possa um dia em outras medidas que significam transformar Manaus no que ela tem vocação: ser uma meca do turismo ecológico internacional, turismo cultural internacional.