Epidemia chegou ao fim em Manaus? Assunto gera divergência entre pesquisadores
Manaus/AM - Uma das cidades mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), chegando à beira do colapso na Saúde e até mesmo funerário, Manaus agora divide opniões sobre o fim da epidemia.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, pesquisadores só concordam em um ponto: o pior já passou. Mas, discordam se a cidade, após semanas traumáticas com enterros em valas comuns e hospitais colapsados, pode ficar aliviada.
Entre 19 a 25 de abril, a cidade registrou um aumento de mortes 350% maior que o mesmo período em 2019.
A queda de óbitos, alta de recuperados e a diminuição na taxa de ocupação dos leitos de UTI para a doença, foram os principais argumentos usados pelo governador Wilson Lima para iniciar a abertura, que entra na 2ª fase nesta segunda-feira (15).
Para o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz, a reabertura foi precipitada: "As estratégias para a flexibilização são desproporcionais à situação sanitária, ainda grave. Não se está levando a sério o risco residual, sobretudo considerando a situação dos municípios do interior, que vão começar a lotar as UTIs de Manaus."
Ainda de acordo com o epidemiologista, o governo não cumpriu nenhum dos seis pilares para o fim das restrições recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que são: transmissão do vírus controlada; sistema de saúde capaz de detectar e tratar cada caso e de acompanhar a rede de contágios; diminuição do risco de surtos em instalações de saúde e asilos; medidas preventivas em locais de trabalho e em outros locais de circulação; controle do risco de importação do vírus; e engajamento da sociedade em nova formas de convívio.
"Como o risco de importação está sob controle se a cada dia a gente vê o número de casos novos da região metropolitana aumentar e as barreiras sanitárias funcionarem pobremente? É provável que, em poucas semanas, o número de óbitos volte a aumentar, desperdiçando o esforço interior", alerta o epidemiologista.
Já o estudo apresentado pelo projeto Atlas ODS Amazonas, na última quinta-feira (11), estima que Manaus será a primeira cidade do país a superar a pandemia da Covid-19. Henrique Pereira, professor de agronomia da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e coordenador da pesquisa, disse que não vê riscos de uma segunda onda no curto prazo.
Para chegar a essa conclusão, a pesquisa usou o modelo logístico, e não epidemiológico, para prever taxas de crescimento de casos e de óbitos. A projeção estima que o 97% das mortes por Covid-19 deve ocorrer até o dia 17 deste mês.
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