Governo do Amazonas dificulta envio de aviões dos EUA, dizem diplomatas
Diplomatas do Itamaraty em Brasília têm atribuído ao governo do Amazonas as dificuldades para obter um avião emprestado dos Estados Unidos (EUA) a fim de ajudar no transporte de oxigênio medicinal para o estado durante a crise do coronavírus.
No dia 14 de janeiro, enquanto pacientes morriam por falta de oxigênio, o governo estadual pediu apoio aéreo para transporte do produto. No mesmo dia, o chanceler Ernesto Araújo conversou por telefone com o então secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, braço direito do então presidente Donald Trump, que deixou o governo seis dias depois.
De acordo com fontes diplomáticas ouvidas pelo UOL, na conversa Pompeo se colocou à disposição para colaborar. O Brasil ficou de encaminhar os detalhes sobre a ajuda, como o local em que o avião pousaria, a especificação exata da carga que carregaria e para onde levaria. A primeira resposta foi considerada genérica demais: o governo do Amazonas pediu que a carga fosse trazida de Fortaleza, sem maiores detalhes.
Segundo os diplomatas, a partir daí Brasília pediu diversas vezes a representantes do governo estadual, incluindo a Defesa Civil estadual e o gabinete do governador Wilson Lima (PSC), que apresentassem resposta ao questionário. As respostas, porém, não vieram ao longo de vários dias. Nesse meio tempo, Venezuela e China fizeram doações de oxigênio ao Amazonas.
De acordo com uma fonte diplomática, o governo estadual chegou a ser instado pelo governo federal a se explicar diretamente à embaixada dos EUA, já que o Itamaraty dizia estar fazendo tudo ao seu alcance e queria demonstrar aos norte-americanos que o problema não estava em Brasília.
No dia 18 de janeiro o governador Wilson Lima dirigiu uma carta oficial por email ao embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, para dizer que havia subsidiado com informações o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM) a fim de que ele esclarecesse publicamente que a embaixada estava colaborando com o Brasil.
No mesmo dia da carta, 18 de janeiro, o deputado postou em rede social que a embaixada americana "já havia disponibilizado a aeronave para o transporte de oxigênio" e que estava "faltando apenas o Ministério da Saúde confirmar a necessidade da aeronave".
De acordo com uma fonte diplomática, os norte-americanos "não mandaram avião ou coisa alguma porque não se conseguiu arrancar do Amazonas os dados básicos necessários para a missão".
Na última segunda-feira (25), o governo do Estado do Amazonas, por meio do coordenador da Unidade de Gestão Integrada, Thiago Paiva, confirmou que a solicitação da liberação do uso das aeronaves foi feita ao governo federal, que ainda não havia se manifestado. Paiva ainda destacou o caráter "fundamental" deste apoio no transporte aéreo de oxigênio".
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