Governo federal soube da baixa no oxigênio em Manaus 1 semana antes
Manaus/AM - O Governo Federal e a Secretaria de Saúde do Amazonas foram alertados no dia 7 de janeiro sobre o colapso que iria acontecer em Manaus com falta de oxigênio.
Quatro dias depois, o ministro Eduardo Pazuello viajou à capital amazonense, fazendo um discurso sobre o plano de vacinação - que também ainda não existe. Na capital, ele falou sobre seringas: "É importante que ninguém tenha dúvida de como é o planejamento e quais são as alternativas que nós temos. Sim, o ministério tem e terá capacidade de atender qualquer demanda que falhe em nível menor, município ou estado, ministério está preparado para isso".
Quando mencionou a alta na demanda dos gases hospitalares que a capital estava começando a enfrentar, o ministro da Saúde classificou a situação que a capital vive como “a crise do oxigênio”, mas não anunciou nenhum plano para conter tal crise. Pazuello também colocou a culpa do caos no Amazonas na baixa adesão aos tratamentos sem eficácia comprovada hidroxicloroquina e azitromicina, defendidos pelo governo Bolsonaro.
No dia 7 de janeiro, a principal produtora de oxigênio hospitalar do Brasil, White Martins, comunicou a Secretaria de Saúde do Amazonas sobre a baixa no estoque, e no mesmo dia, a pasta notificou a situação ao Ministério da Saúde.
A viagem de Pazuello a Manaus ocorreu poucos dias depois do aviso. No dia 13, ele mencionou a crise do oxigênio. No dia seguinte, 14, os hospitais passaram a ficar sem a substância, sem leitos, e o governo do Amazonas decretou toque de recolher em todos os municípios. Inúmeras mortes de pacientes asfixiados foram relatadas por profissionais de saúde. Manaus virou notícia mundial.
Segundo o pneumologista Fred Fernandes, do Hospital das Clínicas de São Paulo, afirmou ao Uol, um alerta sobre uma crise de oxigênio deveria ter acionado uma operação de guerra imediata do Governo: “A falta do oxigênio leva à morte muitas pessoas que poderiam sobreviver. Em outras, causa dano celular agudo. Eu nunca antes ouvi falar de falta de oxigênio em hospital. É algo tão essencial e básico como eletricidade”, afirmou.
Em seu discurso, Bolsonaro negou responsabilidade pelo caos no estado brasileiro: "A gente está sempre fazendo o que tem que fazer, né? Problema em Manaus: terrível o problema lá, agora nós fizemos a nossa parte, com recursos, meios", disse.
Depois de ter o plano de buscar as vacinas da Índia frustrado, o governo federal anunciou hoje (16) que o avião que iria realizar o transporte dos imunizantes será enviado ao Amazonas, para facilitar o transporte de cilindros de oxigênio para a capital.
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