Mudanças significativas no uso do solo, nas formas de produção e nos modos de vida das comunidades locais são os principais impactos provocados pelas hidrelétricas na Amazônia, de acordo com estudo feito por professores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e outras instituições.

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Anulação total de concurso da CMM é medida extrema

O estudo, que buscou identificar os efeitos sociais e ambientais dessas usinas entre 2013 e 2025, foi financiado pelo Programa São Paulo Excellence Chair (SPEC/Fapesp), vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Os pesquisadores constataram que as barragens de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), e de Santo Antônio e Jirau, em Porto Velho (RO), causaram mudanças importantes. De acordo com o professor Miquéias Calvi, da UFPA, as consequências das grandes hidrelétricas variam conforme o grupo populacional afetado.

“As comunidades ribeirinhas enfrentam desafios semelhantes às comunidades indígenas que vivem próximas aos rios, mas esses impactos são enfrentados por moradores de áreas urbanas ou agricultores de terra firme. Além disso, há impactos distintos para aqueles que foram deslocados compulsoriamente, tendo suas propriedades convertidas em áreas de construção das barragens”, disse ele.

Com base nos resultados da pesquisa, os especialistas elaboraram um documento publicado Recomendações de Políticas Públicas para a Mitigação dos Impactos das Usinas Hidrelétricas Santo Antônio, Jirau e Belo Monte na Amazônia Brasileira.

Para eles, a expectativa é que o debate sobre os impactos das hidrelétricas seja ampliado e que o relatório sirva como subsídio para que governos, órgãos de defesa dos direitos humanos, Poder Judiciário e sociedade civil trabalhem juntos para melhorar a qualidade de vida das populações afetadas.

“Esperamos também que esses estudos sejam considerados antes da implementação de novos projetos na Amazônia”, afirma o professor Osvaldo Damasceno, um dos pesquisadores responsáveis ​​pelo documento

O Grupo de pesquisa “Depois das hidrelétricas: processos sociais e ambientais que ocorrem depois da construção de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio na Amazônia Brasileira” é coordenado pelo professor Emilio Moran, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, com o apoio de uma equipe multidisciplinar de professores de diferentes instituições brasileiras e internacionais: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Universidade de São Paulo (USP); Universidade Federal do Pará (UFPA); Universidade Federal de Rondônia (Unir); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); Michigan State University (MSU) e West Virgínia University (WVU).