Primata mais ameaçado do mundo, macaco de cara branca vive na Amazônia

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Está na Amazônia o primata mais ameaçado do mundo. O caiarara (Cebus kaapori), macaco cara branca, descrito há cerca 30 anos e com ocorrência restrita à porção leste da Amazônia brasileira, voltou a aparecer na lista dos 25 primatas mais ameaçados do planeta. O animal vive em florestas de terra firme e tem perdido espaço diante do avanço do desmatamento na região e ainda sofre com a caça, que é outro fator que pressiona o caiarara rumo à extinção.
O nome do macaco apareceu no alerta vermelho dado pela publicação Primates in Peril (Primatas em Perigo), divulgada na terça-feira (30), e na lista dos animais mais ameaçados e na qual quatro espécies são do Brasil.

Omar, Braga e o vídeo de Paula Litaiff
De acordo com a publicação, o caiarara habita uma região densamente povoada com o maior nível de desmatamento e degradação de habitat em toda a Amazônia brasileira, que teve mais de 70% da floresta destruída, convertida em terras agrícolas e pastagens. E com a continuidade do desmatamento, a maioria das florestas remanescentes se tornaram manchas isoladas e degradadas em terras agrícolas onde esta espécie também é caçada.
As estimativas mostram que a perda de habitat em toda a gama da espécie de 1985 a 2020 foi de 32,8%”, de acordo com a publicação, que destaca a ameala do caiarara perder todas as suas florestas remanescentes nas próximas três décadas devido a continuidade do desmatamento e das mudanças climáticas.
A espécie faz parte do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação dos Primatas Amazônicos, do ICMBio.
Outras espécies brasileiras ameaçadas são o bugio-ruivo, sagui-da-serra, zogue-zogue do Mato Grosso, que foram incluídas na lista global dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. O alerta vermelho foi dado pela publicação Primates in Peril (Primatas em Perigo), divulgada nesta terça-feira (30).
Produzido pela organização Re:wild, sucessora da Global Wildlife Organization que, desde 2000, o documento elabora listas para chamar atenção das espécies de primatas que estão na berlinda, sob risco crítico de extinção.
A publicação é feita em conjunto com o Primate Specialist Group (PSG), da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), e a Sociedade Internacional de Primatologia (IPS).
Depois de 11 edições feitas da lista, já foram ilustradas cerca de 90 das 719 espécies e subespécies de primatas reconhecidas hoje pela ciência. Atualmente, 449 delas estão sob algum nível de ameaça de extinção – o equivalente a quase dois terços do total.
A divulgação da lista das 25 espécies mais ameaçadas ocorreu durante o Congresso Brasileiro de Primatologia, que ocorre em Sinop, no norte do Mato Grosso, até ontem (31), local que é o habitat de um dos primatas brasileiros da lista, o zogue-zogue do Mato Grosso (Plecturocebus grovesi). A espécie é restrita a uma pequena área do estado, sobreposta ao Arco do Desmatamento, a fronteira de expansão agropecuária onde a Amazônia cai – ou queima – para virar monocultura e pasto.
Para proteger as espécies, os cientistas sugerem a criação de reservas privadas e áreas protegidas, aplicação das Reservas Legais e a substituição das grandes monoculturas e commodities dependentes de produtos químicos – como a soja – por modelos mais sustentáveis de uso da terra, como agroflorestas.

ASSUNTOS: Amazonas