Seca no Alto Solimões revela ruínas do período colonial no Amazonas
Manaus/AM - A grave seca que atinge a região do Alto Solimões, no Amazonas, expôs as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, um importante tesouro arqueológico do século XVIII. Construído na margem esquerda do rio, o forte foi fundamental para o domínio português durante as disputas territoriais com a Espanha. As ruínas, anteriormente submersas, emergiram devido ao nível extremamente baixo das águas, que atingiu nesta sexta-feira (30) a menor cota da história em Tabatinga, com -0,94 metro. Este é o maior período de seca registrado nos últimos 40 anos.
O Forte São Francisco Xavier, que foi submerso em 1932, teve papel estratégico na defesa contra expedições espanholas, especialmente durante os conflitos em torno da área de fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Eventos históricos como o Tratado de Madri (1750), que garantiu a soberania portuguesa sobre a região, e o Tratado de Santo Ildefonso (1777), onde a Espanha tentou retomar o território, marcaram a história do local.
Em homenagem aos militares que defenderam o forte, o Exército Brasileiro construiu um memorial que replica parte da estrutura original, com canhões e peças da época. Este espaço pode ser visitado no Museu do Comando de Fronteira Solimões, dentro do Parque Zoobotânico de Tabatinga. O sargento Bruno, curador do memorial, destacou a importância dos militares na manutenção do território nas mãos de Portugal, que mais tarde se tornaria o Brasil.
Impacto da Seca no Solimões
A seca extrema no Alto Solimões afeta todo o estado do Amazonas. O rio, que atravessa 24 cidades, está dividido em três partes: Alto, Médio e Baixo Solimões. O governo estadual declarou estado de emergência em todos os 62 municípios do Amazonas devido à estiagem severa. Para 2024, as previsões indicam que a seca pode ser tão grave quanto ou até pior do que a enfrentada no ano anterior.
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