Univaja teme que troca de comando na PF prejudique investigações de crimes contra indígenas
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) manifestou profunda preocupação com a recente mudança de comando na Superintendência da Polícia Federal no Amazonas. A entidade teme que a substituição do delegado Umberto Ramos Rodrigues, que vinha à frente das investigações de crimes como o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, possa comprometer o andamento dos trabalhos.
Em nota, a Univaja destacou que a redistribuição dos inquéritos pode prejudicar a elucidação de crimes que teriam como alvos, possivelmente, autoridades amazonenses com ligações a práticas criminosas. A entidade também citou o Massacre do Rio Abacaxis, em que seis pessoas foram executadas e outras duas desapareceram, e no qual autoridades do alto escalão amazonense estão sob investigação. Cerca de 130 policiais, entre civis e militares, chegaram a ser investigados, suspeitos de terem participação nos crimes.
O líder da Univaja, Eliésio Marubo, defendeu maior transparência sobre os motivos da troca de comando e elogiou o trabalho de Ramos Rodrigues, destacando sua experiência e compromisso com a investigação do crime organizado. Marubo expressou a suspeita de que a mudança possa estar relacionada a alianças políticas e beneficiar figuras envolvidas nos casos.
A Univaja avalia a possibilidade de levar o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos ou ao Tribunal Penal Internacional.
Quanto ao caso de Dom e Bruno, a Justiça ainda deve escolher divulgar a data do júri popular dos três réus, Amarildo da Costa de Oliveira (Pelado); seu irmão, Oseney da Costa de Oliveira (Dos Santos), e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha. Em audiência de instrução realizada em julho de 2023, todos permaneceram em silêncio.
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