Brasil x Argentina: Um superclássico de interesses sul-americanos
É amistoso, mas haverá troféu. É Brasil x Argentina, mas será em uma cidade da Arábia Saudita. Não é inédito, mas um dos principais clássicos do futebol mundial servirá para atender interesses que correm em paralelo à preparação da seleção neste novo ciclo de Copa do Mundo. A cidade de Jidá, onde a bola rola a partir das 15h (de Brasília), é a sede do Dallah Albaraka Group (DAG), grupo detentor dos direitos comerciais dos amistosos da seleção.
Pela primeira vez, a seleção atuará na “casa” do conglomerado do qual é parceiro desde 2006. O contrato foi assinado por Ricardo Teixeira e a vigência atual é até 2022. A CBF tem direito a receber US$ 1,05 milhão por partida — cerca de R$ 3,9 milhões, no câmbio atual.
Hoje, o estádio Rei Abdullah entra na lista de enredos um tanto quanto inusitados do confronto Brasil x Argentina. Se houver empate, haverá pênaltis, já que a partida decide o torneio denominado Superclássico. Não é aquele Superclássico das Américas, que ressurgiu em 2011, 2012 e 2014 e já foi sepultado novamente. O modelo é encabeçado pela Federação Saudita e conta com Iraque e a própria Arábia. Por isso, argentinos e brasileiros enfrentaram, respectivamente, as duas seleções nesta viagem.
A partida acontece em uma ocasião na qual o governo local é colocado em xeque por causa do desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi, visto pela última vez no consulado saudita na Turquia. O assunto passa ao largo da seleção.
— Viemos para jogar futebol e não estamos sabendo de nada — disse Neymar.
Afago e apagão
O próprio Superclássico das Américas, organizado por Full Play e Klefer, empresas citadas no FifaGate, já foi usado para propósitos políticos. Em 2012, a cidade de Resistencia, na província de Chaco, sediaria o jogo de volta entre argentinos e brasileiros. O local não tinha estrutura, mas o governador da província, Jorge Capitanich, era próximo à presidente Cristina Kirchner. O afago político terminou em apagão no estádio e adiamento do jogo.
Em 2010, um Brasil x Argentina, em Doha, foi a ocasião na qual Ricardo Teixeira recebeu uma série de regalias do comitê de candidatura do Qatar para a Copa de 2022. Segundo relatório feito pela própria Fifa, durante a investigação da compra de votos da eleição, a tentativa era influenciar o cartola brasileiro e o então presidente da AFA, Julio Grondona, membros do Comitê Executivo da Fifa. Ambos votaram no Qatar.
Nos anos 1990, Brasil e Argentina entraram em campo pela Coca-Cola Cup (1999), e no aniversário de 50 anos do Grupo Clarín, em 1995. Nos últimos anos, excetuando-se as partidas pelas eliminatórias da Copa , o clássico aconteceu em Pequim, na China (2014), e em Melbourne, na Austrália (2017).
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