Patrick Stewart diz estar maravilhado com tecnologia e rumos de Picard em novo 'Star Trek'
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após 16 anos do último episódio da série "Jornada nas Estrelas: A Nova Geração", Patrick Stewart, 89, volta a interpretar o capitão Jean-Luc Picard, em uma nova temporada. Os produtores temiam que o ator rejeitasse o convite, após tanto tempo, mas o próprio Stewart afirma que ele foi convencido facilmente.
"O mundo que retratamos agora é totalmente diferente daquele do 'Next Generation', e Picard não é mais oficialmente um capitão. Ele está com raiva, frustrado e também se sentindo culpado pela morte de seu amigo Data [Brent Spiner], que ocorreu no final de 'Nêmesis'. A estranheza desse novo Picard é o que me fez estar a bordo novamente", afirma o ator, em entrevista por telefone ao F5.
Conhecido no Brasil pelo papel de Professor Xavier, da saga X-Men, Stewart diz ainda ser apaixonado pelo personagem e que, depois de tatnos anos, "já não sei onde eu começo e onde ele termina". "Acabamos nos fundindo e como eu o admiro muito, não vejo problemas que isso ocorra. Aliás, ele me mudou muito. Eu me tornei um melhor ouvinte com Jean-Luc."
Sem sinais de cansaço, o ator comemora a confirmação da segunda temporada, oficializada pela CBS, produtora da série. Nos primeiros episódios de "Star Trek: Picard", que nesta sexta-feira (24) na Amazon Prime Video, o ex-capitão da USS Enterprise está cuidando de seu vinhedo, na Terra, quando é procurado por Dahj (Isa Briones), uma menina que está em apuros e que, estranhamente, sabe que encontra segurança ao lado do ex-capitão.
Mesmo afastado da frota estelar, é claro que Jean-Luc se verá comovido pela história da jovem e embarcará em uma nova missão não oficial.
Divulgada como uma continuação do filme "Jornada nas Estrelas: Nêmesis", a nova série também faz referências ao último episódio da sétima temporada de "Next Generation", em que Picard faz viagens ao passado e ao futuro e se vê aposentado trabalhando em um vinhedo e prevê que ele sofreria de uma doença mental degenerativa.
Para o roteirista Michael Chabon, há uma riqueza em criar para um personagem próximo dos 90 anos de idade. "Há muitas possibilidades de trabalhar memórias, arrependimentos, discutir a mortalidade."
Lançada nos anos 1960, a volta da série "Jornada nas Estrelas" no fim dos 1980, que apresentou a "Nova Geração" da Enterprise, foi criticada pelos fracos efeitos visuais. As novas tecnologias salvaram a equipe do Star Trek dos anos 2000.
"A série já tem muita tecnologia disponível com que se pode trabalhar. Há os 'replicadores' que fazem os objetos apenas surgirem, o que facilita muito, mas criamos algumas tecnologias novas também, uma delas está no segundo episódio", revela Chabon.
Stewart ficou maravilhado com essas possibilidades. "Achei sensacional porque eu já trabalhei muito com as telas verdes ou azuis [conhecidas como chroma key], mas a tecnologia que temos hoje não deixa mais o ator completamente isolado."
"Mesmo em uma cena que exige muitos efeitos especiais, a sensação é a de que você está lá e não só simplesmente parado em frente a algo. Os avanços tecnológicos estão possibilitando resultados gloriosos", completa.
FRUSTRADO COM O MUNDO
Uma das explicações para que Star Trek seja uma produção tão longeva é o fato de ela conseguir sempre ser atual. Stewart revela, que como o seu personagem, ele nunca foi fã de ficção científica, mas que sempre se viu um entusiasta da série. Um dos motivos, para ele, não é muito bom.
"O mundo andou para trás nos últimos anos. Estou falando agora aqui da Alemanha e penso que estou há alguns dias de ser uma das pessoas que não possa mais falar que elas são europeias e isso me deixa muito frustrado", afirma o ator inglês, ao citar o Brexit, acordo feito para que Reino Unido deixe de integrar a União Europeia.
Michelle Hurd, que interpreta Raffi, lembra que, desde os 1960, a série fala sobre união de povos, aceitação, preconceito e racismo. "A série estreou na TV em um momento que o direitos civis estavam em plena discussão, e esse novo Star Trek percorre esses novos assuntos", diza atriz.
"Falamos sobre imigração, inclusão, exclusão, e sobre pessoas que são totalmente perseguidas, que precisam lutar contra demônios que estão presentes todos os dias em suas vidas", avalia Hurd. "Essa nova temporada vem como um antídoto contra esse tipo de pensamento atual, porque é uma história que recomenda que ajamos com mais empatia", completa Chabon.
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