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Estilista indígena We'e'ena mostra como fazer moda sem destruir a floresta

Por Folha de São Paulo

16/12/2024 8h00 — em
Arte e Cultura



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A "Mãe Terra", a guerreira da ancestralidade indígena, inspira a nova coleção de moda sustentável da estilista amazonense We’e’ena Tikuna —lançada neste sábado (14), durante a programação do 8º Brasil Eco Fashion Week, o BEFW, em São Paulo.

We’e’ena conta que quis mostrar, no desfile, que é possível fazer moda sustentável sem destruir a floresta. Ela apresentou peças feitas a partir de algodão, tururi, a fibra natural da palmeira ubuçu, sementes e outros produtos oriundos da amazônia.

A estilista levou a cultura do seu povo tikuna pelos grafismos, modelagem das roupas, cânticos tradicionais e peculiaridades do artesanato das mulheres indígenas que participaram da confecção dos looks.

"A natureza nos dá tudo, ela é rica em biodiversidade, a gente consegue produzir tudo para o nosso uso do nosso dia a dia. E essa coleção é muito importante para mim, e para o meu povo, porque a moda para nós, indígenas, não é apenas um desfile, ela é uma forma de mostrar a nossa cultura, a nossa resistência e o nosso protagonismo", disse.

No cortejo de sua apresentação, We’e’ena agradeceu ao público na passarela ao lado da mãe, da filha e da equipe de indígenas, ao afirmar que "nunca está sozinha, pois está sempre acompanhada de sua comunidade".

A programação do BEFW virou foco dos painéis de debates sobre sustentabilidade, de olho na COP30 —a conferência sobre mudanças climáticas da ONU, que será realizada em 2025 em Belém, no Pará.

Para We’e’ena, ocupar a moda com representatividade também é uma forma de ativismo. Ela reforça a importância dos povos originários terem voz na COP30, que espera reunir o maior número de indígenas da história do evento.

"Por muito tempo nós lutamos para ser reconhecido, lutamos para quebrar o preconceito. Essa luta não é de hoje", reforça. "É necessário os povos terem a bancada do cocar na COP30, mostrando a cultura e a nossa realidade nos espaços de articulação. O nosso território está sofrendo com a violência, com garimpo ilegal e entre outros problemas."

Com o tema "Bioeconomia e a Cooperação", o 8º BEFW se encerra neste domingo (15), no Centro de Convenções Frei Caneca. A programação contou com 25 desfiles e 18 painéis, além de oficinas, exposições e rodadas de negócios. Participaram marcas nacionais de diferentes regiões e internacionais, do México e do Peru.

Rafael Morais, diretor executivo da BEFW, destaca que a proposta do evento, desde sua primeira edição, em 2017, é ser uma vitrine acessível para profissionais engajados em sustentabilidade, que não teriam condições de financiar sua participação em grandes circuitos de moda.

"Nós temos essa trajetória de trazer marcas com atributos de sustentabilidade, ser uma semana de moda inclusiva. Estamos abertos para a diversidade, para a sustentabilidade, para o pequeno empreendedor e para os negócios em todo o nosso país", afirmou.


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