Repórter chora ao falar de assédio de Biel: “Ele disse que iria me estuprar”
Pela primeira vez a repórter Giulia Pereira, 21, falou sobre o assédio sofrido por Biel durante uma entrevista para o portal onde ela trabalhava.
Em entrevista ao programa do Gugu, a jovem disse que já havia entrevistado outros famosos e como aconteceu o encontro com Biel. “A gravadora convidou o portal pra fazer a entrevista em um dia que ele ia divulgar o novo CD dele. Eu fui sozinha!”.
Segundo ela, o primeiro contato com o cantor foi durante uma entrevista de Biel para outro jornalista. Giulia teria se disponibilizar para tirar fotos. “Foi nessa hora que eu falei que era mais velha que ele. Ele falou: “Se eu te pego, eu te quebro no meio!”.
“ Foi um desconforto. Não tem mais o que você sentir, além da surpresa de ser pega desprevenida porque você não acha que um artista que você está lá pra entrevistar, vai falar assim com você. Você também está lá trabalhando”.
A repórter se defendeu das críticas sobre sua postura durante a entrevista. “Por ser uma entrevista em vídeo e por ser para um público jovem com assunto leve, eu não tenho como fazer sem ser de forma descontraída. A gente tem que tentar sempre ser simpática e deixar o entrevistado num clima confortável... Porque a gente tem que entregar um trabalho. Eu não posso sentar ali e ser antipática, ficar com a cara fechada. Como estagiária, eu não tenho como levantar e ir embora. Eu tenho que levar o meu trabalho no dia seguinte pro meu editor. Seja ele em vídeo, em áudio... Eu tenho que entregar a entrevista que eu fui fazer”.
Giulia disse que se sentiu incomodada em dois momentos: quando Biel pergunta se ela quer comprovar se ele é heterossexual e quando ele dar o celular dele para que ela atenda”. “Eu ser simpática não dá abertura pra ele e pra ninguém de fazer os comentários que ele fez. Me oferecer beijo, perguntar se eu queria que ele mostrasse a heterossexualidade dele, me chamar de gostosa. Não existe isso nem em entrevista e nem em lugar nenhum!”.
A jornalista explica porque aparece rindo no vídeo. “É um riso de nervoso. Cada pessoa reage de um jeito e muitas pessoas reagem ao nervosismo rindo, tentando evitar e fingir que não aconteceu para não deixar se afetar. Quando eu rio se ele me oferece um beijo, é pra falar: “Vamos parar por aqui ou vamos continuar?”, porque se eu ficar brava, explodindo, ou parando a entrevista, é ruim pra mim!”.
O vídeo da entrevista foi gravado por uma equipe de um outro veículo de comunicação a pedido de Giulia. “Quando terminou a entrevista, ele não olhou pra mim e eu não olhei pra ele. Desliguei o gravador e saí. Eu falei com o pessoal do outro veículo para garantir que eu ia ter o vídeo no dia seguinte ou o quanto antes. Peguei o contato da equipe. Eu estava muito nervosa e comecei a tremer porque na hora você vai deixando passar e tenta ignorar um pouco. Mas quando você sai, é que cai a ficha! Você começa a perceber os absurdos que foram acontecendo... “.
Giulia chegou a contar para a mãe por mensagens o ocorrido e no dia seguinte contou para sua editora que a incentivou a denunciar o caso. “Ela me apoiou logo no primeiro instante. Já queriam, inclusive, divulgar o que tinha acontecido. A primeira ideia era um relato em primeira pessoa, mas como eu ainda não tinha os vídeos, eu resolvi esperar. Eles também me recomendaram, e eu achei melhor, registra um boletim de ocorrência para ter isso como respaldo, mostrar que era sério. Isso é um crime! É um assédio!”.
Giulia explicou a demora em denunciar o caso. ”Eu estava esperando o vídeo. Eu não queria fazer nada sem ter essa prova. Também não é uma decisão fácil de ser tomada. Por mais que eu tivesse sendo apoiada, eu tinha que pensar no que isso significaria na minha vida profissional, pessoal… “
“Eu fui muito bem recebida pela delegada, pela investigadora. Eu queria, num primeiro momento, registrar o que tinha acontecido. Eu não sabia que o inquérito era aberto automaticamente e quase não fiz o registro por causa disso. Eu não queria, de fato, um processo, nada desse tipo. Eu só queria ter um respaldo pra divulgar isso. Mas, na delegacia mesmo, conversaram comigo falando da importância de seguir com isso. Então, eu fui incentivada por elas. Senão, não seria nada. Seria só mais um que iria passar e não ia dar em nada!”.
Depois da denúncia, Giulia foi para o trabalho e o portal divulgou o caso. Dias depois, ela e a editora que apoiou a denúncia foram demitidas. “Eu fui chamada pela parte do RH e comunicaram que era um corte de estagiários porque iam contratar formados e repórteres. Na hora, eu não acreditei muito na justificativa até porque a escolha de qual estagiário seria cortado não seria por acaso... Eu não vejo outro motivo porque nenhum outro estagiário foi demitido. Só eu. Inclusive, abriram vagas pra outros estagiários depois!”.
A jornalista chorou ao relembrar o episódio. “Além do vídeo - de ele me chamar de gostosa, perguntar se queria saber da heterossexualidade dele -, eu ia fazer outras perguntas em áudio. Antes de eu começar a gravar, ele olhou pra mim e falou que eu tinha cara de quem sofria bullying na escola, que tenho cara de sentar na frente da sala, e que ele estava muito ocupado na época de escola dele comendo almofadas... Uma conversa sem muito nexo..”.
“Aí ele perguntou pra mim se a minha entrevista era a última do dia e a minha era a penúltima. Daí ele olhou e falou: “É uma pena" porque se a minha fosse a última, ele iria me levar pra um hotel e me estuprar... Isso sempre me deixa muito nervosa. Sempre é a parte que me deixa muito nervosa! Tanto que a primeira coisa que eu fiz foi ligar o gravador, que não estava ligado nessa hora, e a primeira coisa que você me ouve falar no áudio é: “Vamos falar da sua música porque é o que importa”. Eu nem sabia o quão mais longe isso poderia ir!”.
De acordo com o “R7”, Biel não quis se pronunciar sobre o assunto e Giulia disse que agora foca na conclusão da faculdade. “Eu vou focar agora na faculdade porque não tenho muito o que fazer. Não me arrependo de nada! Faria tudo de novo! Eu não sei o que vai ser da minha carreira, da minha vida pessoal, do que vai ser daqui a três meses”.
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