Abusados e arrogantes, agora pegos pela Lei
De repente nos damos conta que a Lei de Abuso de autoridade nos atinge. Nós, que fazemos a noticia... Não somos “autoridade”, mas somos impertinentes - tão impertinentes que atacamos aqueles que querem aprimorar o sistema, a relação de poder, os abusos dos inquisidores, a miopia do judiciário e a violência policial. Abusamos do direito de informar, julgamos precocemente, somos arrogantes no papel de “juízes” frente às câmeras . Nos sentimos donos de uma verdade distante e de uma consciência de mundo que não conquistamos. Nossa arrogância é maior que nosso ego. Quem disse que nos conhecemos?
Na prática somos usurpadores da verdade e da justiça. Pois delas nos apropriamos para dizer o que é certo ou errado, quem é bom ou quem é mau, quem errou ou acertou, quem deve ficar em liberdade ou ser excluído da convivência em sociedade.
Essa Lei de Abuso de Autoridade contra a qual nos rebelamos porque foi um pisão no nosso traseiro, reduziu nossa capacidade de expor e execrar os outros. E é necessária sim. Restabelece limites. Preserva o bom juiz, o promotor justo, o repórter coerente, o policial honesto e abre as portas para um jornalismo “popular” mais responsável .
Quero me solidarizar com os parlamentares amazonenses que tiveram a coragem de mudar, com a ajuda de tantos outros, as regras de um jogo que só pendia para um lado.
Parabéns
ASSUNTOS: Amazonas, juiz de garantias, Lei de abuso de autoridade, STF
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.