Águas de Manaus faz cidade virar um inferno
- Com um contrato de concessão sob forte blindagem - segundo especialistas é "imexível" - cabe aos órgãos de controle ao menos contestarem as sucessivas prorrogações, feitas a toque de caixa, sem passar por uma discussão com a sociedade.
- Como um cancro que se alastra pelos poderes, a Águas de Manaus promete 100% de esgotamento sanitário até 2026. É possível - com o estado e município agindo como se sócios fossem de uma corporação privada.
Depois de um longo verão, o período das chuvas. E a novela se repete - alagações, deslizamento de terras e buracos. Não bastassem os problemas gerados pelo inverno - a Águas de Manaus continua abrindo valas para enterrar canos que supostamente darão vazão ao esgotamento sanitário da cidade, contribuindo para o caos no trânsito, lama e afundamentos em áreas encobertas por asfalto de péssima qualidade.
A empresa, alimentada com recursos públicos, apesar de seu lucro ficar com os acionistas privados - tem aporte financeiro da Prefeitura de Manaus e do Governo do Estado - este último, sozinho, está investindo R$ 116 milhões numa estação de tratamento de esgoto e mais 60 quilômetros de rede que serão entregues a Águas de Manaus.
Um negócio "da china" para uma empresa que suga o contribuinte de duas maneiras: através de investimentos estatais que financiam suas obras e tarifas extorsivas cobradas dos manauaras.
É salutar que prefeitura e governo se preocupem com a cobertura de esgoto da cidade de Manaus, mas não podem transferir para uma empresa privada recursos e patrimônio que pertencem aos amazonenses.
Evidentemente que é dever do estado e do município investir em saneamento, mas há uma empresa privada que aufere benefícios financeiros sem contrapartidas. Quer dizer, o contribuinte paga duas vezes ´pelo serviço de água e esgoto - temos repetido isso aqui, apesar da indisfarçável indiferença das autoridades.
Como um cancro que se alastra pelos poderes, a Águas de Manaus promete 100% de esgotamento sanitário até 2026. É possível - com o estado e município agindo como se sócios fossem de uma corporação privada.
Com um contrato de concessão sob forte blindagem - segundo especialistas é "imexível" - cabe aos órgãos de controle ao menos contestarem as sucessivas prorrogações, feitas a toque de caixa, sem passar por uma discussão com a sociedade. Chegou a hora de agir em defesa do patrimônio público.
ASSUNTOS: Águas de Manaus, buracos, inverno, privfatuização
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.