Aloprados e amadores
O país acordou surpreso com a Operação da Polícia Federal que prendeu militares supostamente envolvidos em plano para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alkmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
A surpresa não ficou apenas por conta do plano em si, mas pelo fato de militares graduados, alguns com doutorado e especialização em inteligência, trazendo no currículo condecorações em atos de bravura, tenham se metido em uma aventura no mínimo amadora.
O plano colocado em papel e divulgado aparentemente para um grupo seleto, abre uma discussão sobre a capacidade cognitiva dos supostos envolvidos.
Ou se de fato eles eram parte de uma trama quixotesca e criminosa. Ou ainda se havia o aval do então presidente Bolsonaro. Se havia, ainda assim não deixou de ser um ato isolado, que não afeta o Exército Brasileiro.
É preciso evitar que esse episódio leve o País a uma radicalização ainda maior.
A Lei deve prevalecer, mas aos acusados é necessário oferecer o que tem sido negado aos demais envolvidos nos atos de 8 de janeiro: o direito ao contraditório e a ampla defesa.
Por que são melhores que as centenas de presos que depredaram a praça dos Três Poderes? Não. Mas porque pode ser o início de uma abertura rumo a conciliação nacional, sem abrir mão de punir aqueles que atentaram contra a democracia.
Passou da hora do Supremo Tribunal Federal colocar no comando do inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos um ministro com a necessária isenção para julgar os acusados. Um ministro que não tenha sofrido qualquer hostilidade pública e revidado, nem tenha se manifestado fora dos autos.
Manter o ministro Alexandre de Moraes no comando dos inquéritos é esticar a corda.
O Brasil merece uma chance de reconquistar a paz. A última palavra é do STF.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.