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Amazonas Energia tem rombo bilionário e Lula quer que você tape esse buraco


Por Raimundo de Holanda

15/06/2024 18h11 — em
Bastidores da Política



 

Numa democracia os cidadãos têm o controle das ações dos governos, porque são ouvidos. No Brasil esse controle não existe. Os governantes interferem na vida privada e econômica das pessoas sem dar explicações. Empresas concessionárias, mal administradas e contaminadas pela ingerência consentida de políticos, quebram e o contribuinte é chamado a pagar a conta

É o caso da Amazonas Energia. O rombo da empresa, de pouco mais de R$ 10 bilhões, será pago pelos consumidores. A decisão é do governo Lula, que também beneficia a Ambar, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, que anunciaram esta semana a compra de 13 termelétricas, onde reside todo o passivo da concessionária do Amazonas. 

O que isso beneficia os irmãos Batista?  Os R$ 10 bilhões que a Amazonas Energia deve a essas termelétricas serão pagos através de uma taxa inserida na conta de luz. É o mesmo jeitinho proposto pelas operadoras de seguros que reivindicam do governo a criação de um adicional de R$ 3 na conta de energia para indenizar eventuais vítimas de desastres ambientais. 

Os irmãos Batista têm poder político e são muito persuasivos. Tudo para eles corre rápido...

Pode  ter sido coincidência que 15 dias depois de um encontro com o presidente Lula no Palácio do Planalto, com uma pauta  voltada para a discussão do impacto das enchentes no Rio Grande do Sul no setor produtivo de proteína animal, os irmãos Wesley e Joesley tenham anunciado a compra das  13 termelétricas, também deficitárias. 

A edição da MP, que saneia o problema com o sangue e o suor dos consumidores de energia explica o voluntarismo dos irmãos Batista, que entram num negócio já lucrativo.

A questão é: os Batistas não teriam conversado com integrantes do governo sobre a  viabilização de uma MP para salvar um negócio no qual estavam determinados a entrar sem correr riscos?  Ou tem outra explicação para a visita supostamente para discutir impactos das enchentes no setor produtivo, que não este, publicamente revelado e consolidado?

A MP que pune os consumidores para salvar uma empresa falida, e beneficia um grupo empresarial bastante conhecido nas delações da Lava Jato, não deixa de ser o seguro para um negócio entre amigos.

 

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ASSUNTOS: amazonas energia, Ambar, irmãos Joesley e Wesley Batista

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.