Amazonas fica sem governador
O governador Wilson Lima foi a Brasilia na madrugada desta quarta-feira. De malas prontas para ingresso no PP, e figura esperada na solenidade de posse do senador Ciro Nogueira na Casa Civil do governo Bolsonaro, Lima aprontou mais uma: não comunicou sua viagem ao vice-governador - que deveria assumir na sua ausência - ou ao presidente da Assembleia Legislativa, no caso de impedimento do vice ( que também estava ausente).
Quer dizer, de um lado tentou impedir que Carlos Almeida ( se em Manaus) assumisse e tomasse decisões que no dia seguinte, constrangido ou não, seria obrigado a desfazer - como readmitir secretários. De outro, colocou um aliado importante - o presidente da Assembleia Legislativa - como bandeirinha de um jogo politico no qual o governador está perdendo por absoluta incompetência.
Por uma questão não apenas de respeito à norma constitucional, que estabelece que quem assume no impedimento do governador e do vice, no caso, por exemplo, de viagem para fora do Estado, Wilson não foi apenas descortês com o deputado Roberto Cidade, presidente da Assembleia Legislativa, o segundo na linha de sucessão. Desrespeitou o Poder Legislativo, com quem simula uma relação de cordialidade, com uma certa “divisão” ambígua de poder.
O comportamento do governador indica que essa relação não é sincera e pode acabar lá na frente.
Wilson vê o Legislativo como mero apêndice do seu governo e esse é um comportamento que a maioria dos deputados e mesmo o presidente da Assembleia Legislativa, não toleram.
A hora do rompimento, se não chegou, parece bem próxima. E quem está criando condições para o “fim do governo” é o próprio Wilson Lima, por capricho, vaidade, desinformação, falta de compreensão da administração pública, de seus ritos e das leis que estabelecem deveres que ele insiste em ignorar.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.