Amazonas sob ameaça
- A natureza está dando suas cartas e nós, amazonenses, alertando para um risco que o governo federal insiste em ignorar
O clima foi radicalmente alterado e tragédias como a de Porto Alegre podem se repetir em outras regiões do Brasil. Imagine uma seca no rio Amazonas, aliás previsível, com o nível das águas chegando a críticos 10m?
No atual momento, em que cientistas apontam para o aumento da temperatura no Planeta e o histórico de seca do rio Amazonas (13,59m) ano passado, uma vazante nesse nível provocaria uma tragédia humanitária sem precedentes, isolando populações inteiras, provocando desabastecimento de alimentos e água para pelo menos 2 milhões de pessoas somente em Manaus.
Como a natureza, por ação do homem ou não, está mudando num ritmo acelerado, a questão é saber se o governo está preparado para enfrentar desafios desse nível - que pode ocorrer agora ou nos próximos dez anos.
Para Manaus, os rios são historicamente as grandes estradas. Sem eles, a indústria não funciona, as feiras e os supermercados não são abastecidos. A opção por estradas esbarra em questões ambientais e não evolui.
No governo Bolsonaro o Ibama permitiu "passar a boiada", invadir garimpos em terras indígenas, derrubar milhares de árvores para pastagens na Amazônia, mas colocou o dedo na BR 319, que poderia romper, em caso extremo, o isolamento de Manaus. E a cidade, cega pelo fanatismo, o chama de mito.
A natureza está dando suas cartas e nós, amazonenses, despreparados, esperando o momento de gritar: socorroooo...
ASSUNTOS: BR 319, Manaus, passar a boiada, Porto Alegre, Seca no Amazonas
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.