É compreensível a preocupação do presidente Lula em dar respostas ás críticas internacionais ao crescente desmatamento, exploração ilegal de minérios e tráfico de drogas na Amazônia. Mas a criação de uma força internacional, com poder de polícia, com sede em Manaus, precisa de uma ampla discussão com a sociedade, para avaliar seus riscos. O presidente está cheio de boas intenções, mas  precisa e deve avaliar as intenções dos outros.

O melhor formato para a criação de um organismo internacional é a Interpol, com sede em Viena, representada no Brasil pela Polícia Federal. Como crimes ambientais passaram a ter status internacional, assim como o tráfico de drogas, cada País  precisa criar sua força de dissuasão. O Brasil poderia em tese ser a sede da organização, sem ferir a autonomia de  ninguém e sem que o País se torne alvo de interesses que contrariem sua soberania.

Afinal, a Amazônia não é apenas brasileira - é equatoriana, boliviana, colombiana, Venezuelana, surinamesa, peruana e guianesa. 

A força a ser montada, segundo ideia do presidente Lula, "para proteger a Amazônia", a partir de suposta sede em Manaus, teria poder para intervir em crimes ambientais nesses países?  Provavelmente, não.

Nesses aspecto, faz sentido a preocupação, que infelizmente parece isolada, do senador Plínio Valério (PSDB-AM), crítico do projeto. 

Longe das teorias conspiratórias, é bom lembrar que na Colômbia, onde o desmatamento também é intenso, assim como a produção de drogas, a presença da inteligência norte-americana é permanente. A Guiana é a França na América do Sul. É ingênuo pensar  que o Brasil estaria imune a interesses intervencionistas.

Não se pode abrir as portas do País para ladrões.  E é mais ou menos isso que Lula, cheio de boas intenções, pode estar fazendo fazendo. 

Veja também:

Senador vê riscos para segurança em projeto de polícia internacional