A onda que ameaça derrubar Bolsonaro
- A grande ameaça ao governo Bolsonaro está na extensa rede de pensamento coletivo que encontra abrigo nas redes sociais.
O problema do presidente Bolsonaro não está “nos comunistas”, que são um grupo pequeno e sem expressão. Nem no Congresso, que há muito estabeleceu um modelo de trocas que mina sua gravidade entre os poderes. Por meiose, tornou-se, por conveniência, apêndice do Executivo.
Não reside também no Supremo, que ao interferir através de decisões monocráticas em ações do Executivo ou do Legislativo, mina sua autoridade, já bastante combalida.
Um ministro que ousa interferir em outro Poder viola o sistema de freios e contrapesos que alimenta a democracia, e expõe a toda sorte de criticas a Corte maior do país.
A grande ameaça ao governo Bolsonaro está na extensa rede de pensamento coletivo que encontra abrigo nas redes sociais.
O grande problema de governos autoritários como o de Bolsonaro é o pensamento dos outros, as ideias dos que pensavam, mas não se expressavam; a voz dos que nunca puderam ser ouvidos como agora.
Essa é uma onda que não pode ser contida. É tão poderosa que não ameaça apenas um governo relaxado como o de Bolsonaro.
Ameaça o Parlamento fundado em sistema de trocas. Ameaça o Supremo, que precisa encontrar coesão entre seus ministros e deve buscar mecanismos para impedir que um de seus membros se julgue Deus, capaz de invadir atribuições de outros poderes.
Esse comportamento de ministros do Supremo também coloca em risco a democracia. Também favorece o autoritarismo de Bolsonaro.
Os 11 do STF precisam entender que comportamentos ou atitudes individuais que invadam atribuições de outros poderes leva ao descrédito do sistema democrático. E que carregam um certo grau de autoritarismo intolerável. O mesmo autoritarismo atribuído ao presidente da república.
ASSUNTOS: Bolsonaro, COVID-19, democracia, imjoeachment, negros, PRECONCEITO, rede social, STF, twitter
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.