Amon Mandel e a visão estreita dos problemas de Manaus
- Amon tem o direito de criticar, mas precisa ser honesto com o eleitorado. Precisa dizer de onde vem a fumaça e que a segurança pública não é competência do prefeito de Manaus.
O deputado Amon Mandel desenhou, no programa eleitoral do Cidadania, exibido na última quarta-feira, um mundo distópico, com a cidade de Manaus dominada pela fumaça, por assaltos e corrupção, com as pessoas vivendo em situação precária e sob o tacho de governantes ímprobos.
Duas impressões ficaram de Amon: a primeira é que ele serviria melhor a Manaus como vereador e, a segunda, que a convivência dele em Brasília como deputado federal, ao lado de figuras da velha política, fez desaparecer o que ele tinha de melhor: a ideia de cidadania, centrada no debate franco, aberto e republicano como forma de contribuir com a cidade e o Estado.
Amon tem o direito de criticar, mas precisa ser honesto com o eleitorado. Precisa dizer de onde vem a fumaça e que a segurança pública não é competência do prefeito de Manaus.
Dizer que gestões ele tem feito junto a Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, para que o governo federal atue de forma mais efetiva no combate às queimadas no Estado do Amazonas e no Pará.
Quanto à segurança pública, é seu papel, como deputado federal, conversar, sugerir, exigir até do governo Lula políticas eficazes, de médio e longo prazo, a começar por investimentos não em armamentos ou novas prisões, mas em escolas, na formação profissional, em oportunidades de empregos para os jovens.
Amon encerra o programa se dirigindo ao eleitor e dizendo: “você pode mudar isso. Salve Manaus! Salve o Amazonas!”, praticamente se credenciando como candidato a prefeito.
É um direito de Amon disputar a próxima eleição, mas precisa contribuir com a cidade de Manaus agora e urgente, o que ainda não fez.
Precisa compreender que a política dos cancelamentos sempre resulta em fracasso e que é seu dever conversar com os governantes, não demonizá-los.
Pode apontar defeitos, exigir transparência, mas sem virar as costas para Manaus.
Como deputado federal pode dar inestimável contribuição ao governo, não por simpatia a ou b, mas porque a cidade é o cidadão, a cidade é o eleitor e um parlamentar tem o dever de contribuir com ela.
Se Amon acha que o eleitor pode mudar Manaus para melhor, ele precisa dar o exemplo.
ASSUNTOS: AMON MANDEL, Manaus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.