Parece evidente que o presidente Lula está utilizando a estrutura do estado brasileiro para desgastar até o limite o ministro Juscelino Filho ( União Brasil), que já havia se tornado um incômodo para o governo, ao contribuir de forma indireta para a derrota no Congresso dos vetos do dispositivo que proibia a saidinha de presos. O União Brasil votou maciçamente contra o Palácio do Planalto. 

Indiciar um ministro pelos crimes de organização criminosa e corrupção é uma medida muito séria, que não ocorre sem que o governo seja previamente informado, especialmente num país onde há forte concentração de poder nas mãos do presidente.
 
E se o escândalo do suposto desvio de emendas parlamentares explode agora, ele já era conhecido de Lula bem antes de sua posse. Em 2022, ao apreender celular de empresário ligado ao atual ministro, a Polícia Federal encontrou mensagens comprometedoras. 

A questão é porque só agiu agora, num momento em que o ministro se revela pouco interessado na mobilização de seu partido nas votações de interesse do governo. É que Lula, agora, tem uma Polícia Federal para chamar de sua, nos moldes do que fez seu antecessor, Jair Bolsonaro.

O que Lula não contava era com o forte apoio do União Brasil a Juscelino, que em nota reforçou  "total apoio ao ministro das Comunicações, diante do indiciamento por parte da Polícia Federal. Suspeitas são apenas suspeitas, e o partido não vai admitir pré-julgamentos ou condenações antecipadas."

Pronto, desgaste do governo, que agora encontra dificuldades para afastar um ministro acusado de "organização criminosa e corrupção".