Asilo à ex-primeira-dama peruana é confissão de culpa
- Em mau momento o governo Lula ressuscita o caso Odebrecht e a onda de corrupção que varreu a América Latina.
- Evidentemente que a empresa agiu motivada não apenas pela oportunidade de novos negócios que surgiam, mas também empurrada pela ambição das autoridades brasileiras de influenciar a política na região, a qualquer custo.
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A concessão do asilo à ex-primeira-dama Nadine Heridia, condenada a 15 anos de prisão pela justiça peruana, não tem nada de humanitária. Foi um erro político com consequências imprevisíveis em ano pré-eleitoral.
É natural que qualquer cidadão, supostamente perseguido em seu país, recorra ao asilo em outra nação. Mas ele leva fundamentalmente em conta a língua. Os latino-americanos, de língua espanhola, têm muitas opções, mas a Espanha é o destino da maioria deles.
Entretanto, não causou nenhuma surpresa que a ex-primeira-dama do Peru, acusada, ela e seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, de receber propina da antiga Odebrecht, e condenada a 15 anos de prisão, tenha se reportado à embaixada brasileira.
Por quê? Porque ao contrário do Peru, onde os crimes de corrupção praticados pela Odebrecht com os políticos locais foram investigados e os envolvidos presos, no Brasil todos estão soltos; as empresas que confessaram terem corrompido governantes fizeram acordo de delação e se comprometeram a pagar milhões de reais em multa, estão recebendo o perdão da maior corte do país.
Por que não escolher o Brasil para pedir asilo? Afinal, os que praticaram corrupção, financiaram indevidamente campanhas em outros países, estão em Brasília. E o presidente é o mesmo daqueles anos terríveis... Nada mais natural...
ASSUNTOS: Asilo, Brasil, Ex-primeira-dama Nadine Heridia, Lava Jato, Lula, Odebrechet, Peru

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.