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'Até que a morte nos separe'


Por Raimundo de Holanda

09/06/2024 20h54 — em
Bastidores da Política


  • Duas mortes. E tudo poderia ter acabado de outra forma se o marido soubesse ouvir, se a mulher tivesse feito um mínimo de esforço para escutar.
  • Na disputa de egos, contaminados pelo ódio e pelo ciúme, todos perderam. Pior é o efeito colateral: as crianças órfãs que ficaram em duas familias destruídas.

Manaus registrou neste domingo um desfecho trágico para uma relação conflituosa de um casal que perdeu a liga. Deixou que a chave da desconfiança girasse e pela porta entrasse a violência, o ódio e a morte. 

O amor, que nunca existiu, cedia lugar ao desejo, que gerou dois filhos, mas a argamassa dessa relação frágil rompeu criando espaços vazios que impediam que um ouvisse o outro.

Estava estabelecido um impasse e um rompimento que Diego Azevedo, sargento do Exército, não admitia. Afinal, havia jurado que só se separaria da mulher com a morte, um velho dogma criado num mundo de machos, onde predominava o patriarcalismo e que deveria ser extirpado das cerimônias de casamento, tanto nas igrejas quanto na área cível.

Se somente a morte pode separar o que Deus criou, o que Deus criou pode menos ainda, pelos conflitos, gerar mortes como as que ocorreram neste domingo no centro de Manaus.
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O sargento procurou a esposa tentando reconciliação. Foi rejeitado. Reagiu com violência. A mulher chamou a polícia  e o conflito se instalou. O sargento atirou em dois militares da PM. Um morreu. A reação da Polícia Militar foi rápida: vários homens chegaram fortemente armados em ao menos dez viaturas e mataram o agressor.

Tudo poderia ter acabado de outra forma se o marido soubesse ouvir, se a mulher tivesse feito um mínimo de esforço para escutar. 

Na disputa de egos, contaminados pelo  ódio e pelo ciúme, todos perderam. Pior é o efeito colateral: as crianças órfãs que ficaram em duas famílias destruídas, e que estão chorando pela partida violenta e precoce daqueles que amavam.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.