Ato em defesa da democracia esqueceu o povo
- O erro foi fazer um evento fechado, sem a presença de quem faz a democracia e a sustenta: o povo.
Fez bem o governo Lula em realizar ato de defesa da democracia, um ano depois da destruição de parte dos prédios dos Três Poderes por manifestantes que pediam intervenção militar no Brasil. Longe de uma esperada mobilização da sociedade em torno do evento, o que se viu foi o seu esvaziamento, com a ausência de muitos parlamentares e autoridades, retrato fiel de uma permanente divisão do País.
O erro foi fazer um evento fechado, sem a presença de quem faz a democracia e a sustenta: o povo.
Os discursos contundentes de Ministros do STF, com Alexandre de Moraes insistindo na tese de que o apaziguamento - tão necessário para unir o Brasil - serviria apenas para “alimentar crocodilos esperando ser o último a ser devorado”.
Como Moraes, os brasileiros defendem que aqueles que “pactuaram, covardemente, com a quebra da Democracia e a tentativa de instalação de um estado de exceção, devam ser devidamente investigados, processados e responsabilizados na medida de suas culpabilidades”, mas isso implica no respeito ao devido processo legal, com direito ao contraditório e a ampla defesa.
O Brasil também espera de seus juízes contenção, inclusive ao falar em público. E, preferencialmente, não falar.
Os magistrados têm a missão de julgar e, quando fazem juízo de valor sobre delitos cometidos por acusados, ferem o princípio da imparcialidade.
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, ato de 8 de janeiro, democracia, Lula
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.