Atraso injustificável e saúde pública comprometida
- O governador Wilson Lima, cioso de que o sistema de saúde é a espinha dorsal de um governo voltado para os anseios da população, especialmente os mais pobres - e que erros do passado não podem se repetir - parece sabotado na sua boa intenção de tornar o Estado referência numa área sabidamente essencial.
- Mas governar é uma tarefa difícil, especialmente quando se delega a terceiros responsabilidades de ajudar a tocar a máquina com eficiência. Se esses erram ou fracassam, todo o governo fracassa.
Quando profissionais de saúde não conseguem pagar suas dívidas nem manter um estilo de vida construído a partir de relações de trabalho aparentemente sólidas, o impacto na saúde pública é imenso. O sistema de cooperativas aumentou a confiança desses profissionais que deixaram de ser empregados para atuar de forma mais direta, num salto de qualidade de serviços que o contratante, no caso o governo do Amazonas, não soube capitalizar.
Com o capital coletivo comprometido - sim, cooperativa é constituída de investmentos individuais dos associados - pelos atrasos nos pagamentos, médicos, enfermeiros e outros profissionais da área, vivenciam, atualmente, uma situação dramática, na qual são obrigados a reagir, reduzindo os serviços contratados e não honrados pelo governo.
É absolutamente injustificável que o governo do Amazonas tenha contas a pagar às cooperativas dos anos de 2021 e 2022. e parcelas de agosto, setembro e outubro deste ano.
O governador Wilson Lima, cioso de que o sistema de saúde é a espinha dorsal de um governo voltado para os anseios da população, especialmente os mais pobres - e que erros do passado não podem se repetir, parece sabotado na sua boa intenção de tornar o estado referência numa área sabidamente essencial.
Mas governar é uma tarefa difícil, especialmente quando se delega a terceiros responsabilidades de ajudar a tocar a máquina com eficiência.
E nesse jogo, no qual Wilson Lima precisa interferir, como árbitro que é, está de um lado, do lado do governador, o secretário Anoar Samad, preocupado com o problema e buscando fórmulas de quitar as dívidas. De outro, o secretário de Fazenda, Alex Del Giglio, endurecendo negociações num jogo de xadrez perigoso. Se ganhar, perde o governo, perde a sociedade, perde o bom senso, perde a saúde pública.
E pelos resultados obtidos até aqui nas negociações que não avançam, está vencendo Alex, ao acenar com o compromisso, rejeitado pelas cooperativas, de pagar apenas agosto. Não se brinca com a saúde dos cidadãos…
ASSUNTOS: Alex del Giglio, Amazonas, Anoar, Wilson Lima
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.