A‘bolsa'que sai do seu bolso alimenta um coronelismo moderno, sem coação...
- Lula fala dos mais pobres como se eles fossem fins e meios, e a miséria matéria prima cuidadosamente manipulada para gerar dividendos eleitorais satisfatórios.
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O governo Lula admite que mais de um quarto da população brasileira (62 milhões de pessoas) vive abaixo da linha da pobreza. A fórmula mágica que encontrou para reverter esse quadro vergonhoso não é a geração de empregos, mas auxílios governamentais. A dinheirama para o programa é grande: R$ 175 bilhões somente este ano, R$ 600 por família, R$ 150 por criança de até 6 anos e R$ 50 por adolescente. Embora necessário em um momento de crise e forte desemprego, a ideia de manter o auxílio indefinidamente é uma aposta equivocada no futuro do País.
Desde seu primeiro governo e nos seguintes de Dilma Rousseff, o número de pobres só cresceu. Não se tem notícia de que nenhum beneficiário do Bolsa Família teve o incentivo retirado na medida em que surgia oportunidade de trabalho. O programa, da forma que foi projetado - e aproveitado até mesmo eleitoralmente pelo ex-presidente Bolsonaro, estimula o ócio e faz da pobreza um negócio.
Se de um lado parece que temos um presidente preocupado em reduzir a pobreza - com você pagando essa conta - de outro é evidente o verniz populista e interesseiro por trás de tanta bondade.
Lula fala dos mais pobres como se eles fossem fins e meios, e a miséria matéria prima cuidadosamente manipulada para gerar dividendos eleitorais satisfatórios.
O pobre termina como massa de manobra, matéria prima de um projeto de poder.
É um modelo novo de coronelismo que Lula adotou com êxito no primeiro governo, consolidou no segundo, foi mantido por Dilma e flertado por Bolsonaro. Não é mais coação, é gratidão, o que no fundo não deixa de ser a mesma coisa, na medida em que é encarado por muitos como uma "pausa" com o futuro, uma licença remunerada...
É cômodo para muitos ficar recebendo auxílios do governo. E é cômodo para Lula e seu projeto de poder. Por isso a aposta no desenvolvimento, na criação de oportunidades de trabalho é mera retórica. Nada de concreto no ar.
Num País iletrado é fácil capturar esse segmento do eleitorado, dependente e cativo…
ASSUNTOS: Bolsa Família, Bolsonaro, Dilma, Lula

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.