Bolsonaro lança sombras sobre março
- A questão é saber como março, um mês de histórico sombrio para a democracia, vai terminar. Provavelmente não será com uma nova Revolução, no dia 31, como sonha Bolsonaro, mas com um adiantado processo de enfraquecimento de seu caótico governo
Março nem começou e já parece explosivo, com manifestações programadas contra o Congresso, o Supremo e a reação que a chancela dos protestos pelo presidente gerou na sociedade - com respostas que vão incendiar as ruas. A questão é saber como março, um mês de histórico sombrio para a democracia, vai terminar. Provavelmente não será com uma nova Revolução, no dia 31, como sonha Bolsonaro, mas com um adiantado processo de enfraquecimento de seu caótico governo. E, ao contrario do que pretendiam generais que o assessoram, o chamamento ao ato contra o Congresso e o Supremo fez reacender a chama dos que sofreram para restabelecer a democracia, restaurando, com muito esforço o sistema de freios e contrapesos, sem qual o governante de plantão manda, açoita, elimina, prende, atenta contra os direitos mais fundamentais do cidadão.
Digam o que queiram do Congresso Nacional, mas com todas as suas falhas é um dos poderes de Estado mais transparente. Não digam que só há corruptos por lá. Digam que o Congresso espelha a sociedade. Tenham a coragem de admitir que lá se encontram representantes do povo.
Digam o que queiram do Supremo - que ministro falam demais, que se antecipam aos fatos que eles terão que julgar, que a forma como são escolhidos é política e que há quem mande neles - mas não digam que a Instituição não é fundamental à democracia.
Digam que sem Executivo não há governo e, provavelmente, nem democracia. Mas um presidente eleito pelo povo tem que respeitar o povo, representado por senadores e deputados no Congresso Nacional.
O problema é que o atual presidente não respeita ninguém.
É provável que março termine de três maneiras:
1 - Com o país em ebolição, com as manifestação de rua;
2 - Com um novo golpe com apoio dos militares e da extrema direita, mas com o governo enfraquecido interna e externamente;
3 - com o início do processo de impedimento do presidente Bolsonaro, o que é mais provável. Que venha março!
ASSUNTOS: Bolsonaro, direita, golpe, lula, manifestação contra congresso e stf, PT
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.