Bolsonaro não é um homem mau
Bolsonaro não é um cara mau, como muitos dizem por aí. É só uma criança grande. O erro de ter tanto poder e em razão disso fazer muitas coisas erradas também não pode ser creditado exclusivamente a ele. O povo o elegeu, sabendo do histórico de desacertos que era sua vida, desde que foi afastado do Exército há 30 anos por supostamente ser autor de croqui que indicava a ideia de praticar um atentado a uma adutora.
Também não tem culpa se comete crime de responsabilidade, se desafia os poderes da República e esses poderes não reagem à altura.
O jogo de palavras do presidente do Senado e da Câmara dos Deputados tem que ser substituído por ação em defesa da democracia que Bolsonaro ameaça. E o Supremo tem que deixar de ser agente passivo, enquanto o presidente viola preceitos constitucionais e a liturgia do cargo.
Bolsonaro não é mau, mas meteu na cabeça que é e que tem superpoderes. Não tem. Os brasileiros não conferiram isso a ele, apesar de ter sido legitimado como presidente por 54 milhões de eleitores, num universo de 150 milhões de cidadãos aptos a votar.
O erro não está em Bolsonaro fazer e desfazer da democracia. Está no sistema de pesos e contrapesos, que deixou de funcionar. Nem Congresso nem Supremo sabem o que fazer com o presidente criança. No final, tudo pode acabar em uma grande bagunça institucional. O risco é esperar para ver...
ASSUNTOS: Amazonas, Bolsonaro, Brasil, Congresso Nacional, rodrigo maia, Coronavírus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.