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Bolsonaro x Moraes: quem odeia mais?


Por Raimundo de Holanda

01/08/2020 19h50 — em
Bastidores da Política



O Brasil vive um vazio de poder. Ou uma confusão de poder. Não sabe quem governa - se o presidente Jair Bolsonaro ou o ministro Alexandre de Moraes. Um é desastrado, prega a insurreição contra a democracia. O outro não é  diferente. Impede a nomeação de ministros, se opõe a certas liberdades e estabelece a censura a perfis que ele define como “disseminadores do discurso do ódio”. Moraes, com suas decisões “emotivas” acaba transmitindo a impressão, ruim, de que  odeia tanto os bolsonaristas quanto os bolsonaristas o odeiam. Suas ações acabam retratando um certo “discurso do ódio”, ou revide.

Não parece representar o Supremo. Ele é o Supremo. Já Bolsonaro é o presidente, mas não se porta como tal.

O bloqueio determinado por Alexandre de Moraes a perfis na rede social é um excesso que não pode ser medido, pela extensão que tomou, inclusive em outros países. A repercussão só não é maior  porque há uma rejeição mundial ao comportamento do presidente brasileiro.

Mas é um caso que mostra que o ministro Alexandre de Moraes não se deu conta de que tem papel limitado na Corte de Justiça. Que casos  como estes deveriam ser submetidos ao Pleno do STF, para que os 11 ministros, ele incluído, decidissem sobre um tema no mínimo polêmico, por atentar contra a liberdade de expressão e opinião.

Ao decidir em nome do Supremo, Moraes enfraquece um Poder da República sobre o qual recai a esperança de quem teve direitos violados. E abre precedente perigosíssimo  para que magistrados de instâncias inferiores também vomitem seu lado autoritário - impondo restrições à liberdade de expressão e opinião, o que aliás já é uma prática comum em muitos estados…

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ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Bolsonaro, Facebook, STF, twitter

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.